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Número de passageiros no Galeão caiu dois terços e hoje opera com 16% da capacidade

Foto do Governo Federal Brasileiro / Daniel Basil

O Aeroporto do Galeão foi concebido para ser o principal aeroporto internacional do país, servindo ao Rio de Janeiro, que foi capital federal e é a segunda maior cidade do Brasil, sendo também o seu principal ponto turístico. Mas uma sucessão de erros e problemas fizeram o terminal hoje se tornar um elefante branco, operando com apenas 16% da sua capacidade que é de 37 milhões de passageiros ao ano, conforme a concessionária RIOgaleão informou ao g1.

É difícil apontar quando os problemas começaram no aeroporto, mas a crise de 2015 é o principal ponto de partida: a desaceleração da economia e a crise fiscal no Rio impactaram muito a cidade, e por consequência o Galeão. Nem as Olímpiadas “Rio 2016” conseguiram dar um impulso para o aeroporto.

Com a indústria do petróleo desacelerada e aumento da violência, que até hoje afasta muitas pessoas do Rio de Janeiro, ficou mais interessante para o visitante de negócios ou a turismo pousar no Santos Dumont, mais perto dos escritórios e das praias, sem o risco da Linha Vermelha.

A situação só piorou com o falência da Avianca Brasil, que ainda apostava fortemente no aeroporto, ao contrário da LATAM que anos antes deixou de ter um hub internacional no local, após ocupar o vácuo deixado pela Varig.

Some-se a isso o fato dos políticos cariocas terem sido hostis no começo da Azul Linhas Aéreas, querendo impor regras e condições para a empresa se estabelecer no Rio, que era o plano original do empresário David Neeleman. No final, a empresa nasceu em Viracopos em Campinas, e se tornou um sucesso.

Para piorar o contexto, a privatização do Galeão foi um fracasso: foi feita em conjunto com a Odebrecht, empreiteira mais envolvida em corrupção no país, que quando descobertos os esquemas de corrupção, acabou contaminando o aeroporto da Ilha do Governador.

Além disso, as projeções da ANAC para o movimento de passageiros tinha erros grotescos: o aeroporto em 2012 (ano do anterior ao leilão) operava com 17,5 milhões de passageiros por ano, e a ANAC projetou chegar em 60 milhões/ano em 2038, no final da concessão.

Porém, o aeroporto só voltaria atingir a casa dos 17 milhões na Copa, nunca passando do recorde de 2012. Hoje passados 10 anos da concessão e faltando 15 para ela terminar, o aeroporto teria mais que triplicar os números do seus melhores anos para atingir a estimativa da ANAC, ou aumentar em 10x o número de 2022 que foi de 5,9 milhões de passageiros ao ano. Chegar no número projetado pela agência é algo irreal.

Ainda assim, o poder público hoje procura retomar o aeroporto, que perdeu 65% do tráfego depois da Copa do Mundo. No próximo dia 24 terá uma reunião entre o Ministro dos Porto e Aeroportos, Márcio França, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes.

Neste encontro será discutido como aumentar os voos no Galeão, incluindo a concessão conjunta com o Santos Dumont, algo já planejado desde o ano passado, mas que podem incluir restrições de voos no aeroporto central, para trazer mais conexões para a Ilha do Governador, por sua consequência atraindo mais voos internacionais, que tem ido para Guarulhos visando atender mais clientes onde as conexões são melhores.

Até o final do ano, com a volta dos voos da Azul para a Flórida em Belo Horizonte, o Galeão terá o mesmo número de voos regulares para os EUA que a capital mineira, algo que nunca ocorreu na aviação brasileira.

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