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O bizarro avião criado pelo homem que não gostava de asas

Alexander Lippisch ao lado de seu Aerodyne, em 1972.

Aqui mesmo no AEROIN, compartilhamos histórias de algumas das mais estranhas aeronaves que a humanidade já criou. Mas prepare-se para rever seus conceitos com essa criação alemã que poderia estar no ar hoje em dia se não fossem os percalços do destino.

Tudo começou em 1972, quando o alemão Alexander Martin Lippisch, um engenheiro aeronáutico de 78 anos, concluiu o mais ousado projeto de uma obsessão na qual estava dedicado desde a década de 1930: revolucionar o design das aeronaves, que não precisariam mais de asas. Naquele ano, ele apresentou o protótipo de uma aeronave sem asas e sem piloto, chamada Aerodyne de Lippisch.

O Aerodyne de Lippisch era, basicamente, um imenso motor a jato dentro de um cilindro que, com um conjunto de ventiladores e tubos, reduzia a resistência do ar por meio de um único canal de fluxo e resultava em movimento e sustentação. Como respeitado membro aposentado da Força Aérea Alemã desde os tempos da guerra, o trabalho do engenheiro atraiu a atenção do Ministério Federal da Defesa da Alemanha Ocidental.

O Aerodyne tinha cauda convencional com leme na parte traseira que permitia o controle de inclinação e a realização de curvas. A proposta é que pudesse ser controlado a distância, como um drone, e usado em missões de reconhecimento.

O Governo se interessou tanto pelo projeto que contratou a respeitada fabricante Dornier Flugzeugwerke para construir um protótipo para testes. A aeronave foi nomeada como Lippisch-Dornier Aerodyne e teria feito o primeiro voo em 18 de setembro de 1972. O modelo definitivo foi aprovado dois meses depois, em novembro de 1972, após ser considerada bem sucedida na testagem.

Infelizmente, os testes foram feitos para um seleto grupo de pessoas e muito poucos sabem dos seus resultados. O que se sabe, no entanto, é que o projeto foi abandonado em 1973, provavelmente pelos altos custos de produção em série. Um modelo do protótipo está em exibição em um museu alemão (foto abaixo).

Lippisch morreu em 1976 com uma série de vitórias no currículo e suas pesquisas revolucionaram a indústria da aviação alemã.

O Aerodyne em exibição no Deutsches Museum Flugwerft Schleissheim, na Alemanha. IMAGEM: Wikimedia

O “pai” dos supersônicos

Ao morrer aos 82 anos, Alexander Martin Lippisch era muito respeitado em seu país e sempre esteve envolvido com a aviação. Com 15 anos de idade, em 1909, conheceu Orville Wright, pioneiro dos voos, quando o norte-americano vez um voo de demonstração em Tempelhof, região do antigo aeroporto de Berlim. Alguns anos depois, durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), teve a oportunidade de voar como fotógrafo aéreo e de mapeamento de terrenos.

Após a guerra, Lippisch passou a trabalhar para a Zeppelin Company, fabricante dos gigantescos dirigíveis a gás. Na empresa, desenvolveu uma verdadeira paixão pela aerodinâmica e passou a trabalhar em projetos próprios. Foi responsável pela criação de inúmeros planadores e inventou conceitos que mais tarde seriam base para a popularização das asas deltas que conhecemos hoje.

Talvez sua maior criação seja o Messerschmitt Me 163, o “avião-foguete”. Nascido em meio à pressão por novas tecnologias para reverter sucessivas derrotas alemã no fim da 2ª Guerra Mundial, o Me 163 foi testado, inicialmente, como um planador, desprovido de profundor de cauda, Contudo, foi equipado com um motor de foguete durante sua fase de desenvolvimento para criar uma aeronave de altíssima velocidade.

Após a guerra, os aviões fabricados foram confiscados e a tecnologia criada por Lippisch inspirou o X-1, o primeiro avião a quebrar a barreira do som, em 1947.

Com informações de HistoryNet, Interesting Engineering.

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