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O Boeing 747 que pousou em Recife após ameaça de bomba e foi parar no Iron Maiden

Um clássico Boeing 747 teve uma vida conturbada nos seus primeiros 13 anos de vida com ameaça de bomba, turnê de metal e acidente de solo.

O exato Jumbo que parou em Recife e foi para o Iron © Eric Salard

Só de pensar que este Jumbo da foto acima nunca operou em uma companhia aérea brasileira, mas têm várias histórias conectadas diretamente ao Brasil, é algo muito curioso. O avião em questão é um Boeing 747-400 de número de série 32868, produzido em março de 2003 e entregue diretamente para a Air France.

Na empresa de bandeira francesa, ele voou por apenas 12 anos, relativamente pouco, considerado que muitos aviões de grande porte voam por cerca 20 anos numa mesma empresa de primeira linha, ainda mais na Air France, que historicamente fica um maior tempo com os aviões na sua frota. Na empresa francesa, ele recebeu a matrícula F-GITH.

Em 12 de julho de 2010, o quadrijato estava a cumprir o voo AF-443 na rota do Rio de Janeiro para Paris, pouco mais de um ano após o trágico acidente do voo AF-447. Tudo ocorria com tranquilidade, com o voo tendo decolado no final da tarde do Rio e o voo de cruzeiro em céu de brigadeiro. No entanto, quando a aeronave sobrevoava o nordeste, foi descoberta uma ameaça de bomba numa das cargas que o Jumbo estava levando e ele foi desviado para o Aeroporto Internacional do Recife.

Após o pouso na capital pernambucana, o jato ficou isolado numa área remota do aeroporto, para inspeção da carga. Todos os 405 passageiros foram desembarcados e interrogados, num processo que foi cansativo e gerou várias reclamações dos viajantes.

Apenas 24 horas depois, com a aeronave e passageiro devidamente inspecionados, o voo foi liberado para partir finalmente para a França. O episódio ficou marcado, já que foi a única vez que um 747 de passageiros da Air France pousou em Recife.

Os anos se passaram e em 2015 a empresa francesa decidiu se desfazer dos seus Jumbos, sendo que o 747 em questão foi aposentado em outubro daquele ano, segundo o Planespotters, e ficou dois meses estocado no sul da França, no Aeroporto de Lourdes-Tarbes.

No final de dezembro, o jato foi adquirido pela empresa islandesa de fretamentos Air Atlanta Icelandic, que o alugou para a banda de heavy metal Iron Maiden. Batizado de Ed Force One, uma mistura do mascote da banda Eddie e do indicativo de chamada do avião presidencial americano “Air Force One”, o Jumbo acompanhou a banda numa turnê mundial que passaria pelo Brasil.

Mas aí surgiram os chilenos.

Os chilenos

Para grande decepção dos fãs do Iron Maiden e entusiastas da aviação no Brasil, o 747-400 já matriculado TF-AAK, foi atingido em cheio nos motores por um carrinho de bagagem, ficando 10 dias parados em Santiago do Chile.

O 747 danificado no Chile

Com isso o jato não conseguiu ir até a Argentina e as cidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte ficaram sem a visita do Jumbo, comandado pelo líder da banda e piloto Bruce Dickson, como visto abaixo.

O 747, no final apenas visitou Brasília, Fortaleza e São Paulo, para satisfação parcial da comunidade do metal e da aviação. Com o fim da turnê, o TF-AAK ficou algum tempo parado até ser repassado para a Saudi Arabian Airlines, empresa de bandeira da Árabia Saudita.

Ele ficou na empresa árabe até março de 2020, sendo novamente colocado em estocagem, mas desta vez devido à pandemia. Até hoje, a aeronave está parada no Aeroporto Internacional de Jidá, esperando sua próxima “aventura”.

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