O dia em que Pan Am sobrevoou os dois polos da Terra com um Boeing 747SP

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IMAGEM: Michel Gilliand/Wikimedia

A Pan American World Airways ou, simplesmente, Pan Am, é uma das companhias aéreas que mais marcaram a aviação civil de passageiros no século passado. A icônica empresa é responsável por muitos feitos históricos, mas um deles parece especialmente impressionante, mesmo décadas depois de realizado.

O ano 1977 marcava o 50º aniversário da companhia, fundada nos Estados Unidos em 1927, e uma das pioneiras mundiais no transporte civil de passageiros. Para comemorar o marco, a Pan Am preparou um voo especial, ainda não operado por nenhuma outra empresa em uma viagem comercial.

O voo cinquenta objetivos grandiosos. A ideia era atravessar o planeta, sobrevoar os dois polos e retornar para o ponto de partida o mais rápido possível e com menor número de paradas. O Boeing 747SP, registrado como N533PA, decolou do Aeroporto Internacional de São Francisco, na Califórnia, Estados Unidos, no dia 28 de outubro daquele ano. A aeronave voou até o Polo Norte, contornou o círculo polar ártico e fez um pouso técnico para reabastecimento em Londres, na Inglaterra.

Com os tanques cheios, o “Baby Jumbo” partiu novamente com destino ao extremo do planeta, a Antártica. O avião precisou fazer um novo pouso técnico na Cidade do Cabo, na África do Sul. Em seguida, decolou e voou sobre o polo sul, antes de retornar para o aeroporto de origem, em São Francisco, com parada técnica em Auckland, na Nova Zelândia. O pouso definitivo foi feito em 30 de outubro de 1977.

Primeira perna passou pelo polo norte – via GCMaps

A performance foi nomeada pela empresa como Clipper New Horizons e a aeronave foi batizada de Clipper Liberty Bell. A viagem completa durou 54 horas, 7 minutos e 12 segundos. O 747SP voou a 43 mil pés de altura, muito acima dos tradicionais voos de cruzeiro, a uma velocidade média de 784 km/h. Atualmente, o N533PA é propriedade de uma empresa de leasing e está armazenado no aeroporto Pinal Airpark, no estado do Arizona, Estados Unidos, e não deve mais voltar a voar.

Mais recordes

Alguns meses antes, a aeronave foi responsável por outro importante feito para a época. Entre 1 e 3 de maio de 1976, o Boeing partiu do Aeroporto Internacional John F. Kennedy, de Nova Iorque, para uma viagem de volta ao mundo. Com 98 passageiros a bordo, o avião voou sentido leste com paradas em Nova Delhi, na Índia, e Tóquio, no Japão, até voltar para o ponto de partida, nos Estados Unidos. O voo durou 46 horas e quebrou três recordes de velocidade para rotas de companhias aéreas comerciais na época.

747-SP

Além de homenagear o aniversário da companhia, a viagem foi planejada para promover o recém lançado Boeing 747-SP (Special Perfomance), aeronave desenvolvida a partir de uma encomenda conjunta da Pan Am com a Iran Air. As empresas queriam uma aeronave com grande capacidade de passageiros, com grande autonomia de voo, mas que pudesse operar em aeroportos menores.

O objetivo era atender inicialmente voos entre Teerã e Nova Iorque, no que seria, no início dos anos 1970, o voo comercial sem escalas mais longo do mundo. O 747SP foi certificado em 4 de fevereiro de 1976 e entrou para as frotas da Pan Am e da Iran Air no mesmo ano. A aeronave é 15 metros mais curta que os demais B747, mas tem capacidade para mais de 330 passageiros e um alcance muito maior. Cerca de 18 meses depois, alcançaria reconhecimento mundial com a demonstração polo a polo.

Ao todo, apenas 45 unidades do B747SP foram construídos entre 1973 e 1987. Destes, 11 foram adquiridos pela Pan Am. Com o fechamento da companhia, em 1991, parte as aeronaves foram adquiridas pela United Airlines, que absorvera as rotas da empresa fechada.  

Com informações da CNN e AeroTime.

Fabio Farias
Fabio Farias
Jornalista e curioso por natureza. Passou um terço da vida entre aeroportos e aviões. Segue a aviação e é seguido por ela.

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