O aeroporto de Barra, no norte da Escócia, está localizado em uma praia. E toda vez que a maré sobe, a pista desaparece. Conheça como funcionam as operações nesse lugar tão diferente.

A ilha escocesa da Barra, castigada permanentemente pelos ventos fortes e pelo clima Atlântico, tem um fato que a distingue: em seu aeroporto, a pista desaparece duas vezes por dia. Ainda assim, no último ano, 10.000 passageiros passaram por este aeroporto e foram contabilizadas 1.400 operações aéreas, incluindo 60 voos privados.
O Aeroporto de Barra está localizado na baía de Traigh Mhor, na extremidade norte da ilha, que tem 13 km de comprimento e 8 km de largura. Seu terminal de passageiros não é muito diferente de qualquer aeródromo remoto, com uma sala de embarque, um par de unidades de serviço, uma cafeteria que serve fabulosos cafés da manhã e uma pequena torre de controle.

Aeroporto sem pista
Durante a maré baixa, os aviões têm a oportunidade de pousar na praia. Mas não há nenhuma pista, ou pelo menos não como no resto do mundo.
Em vez de uma faixa de asfalto, marcada com luzes e sinais, a praia tem algumas filas de pequenos postes que, em teoria, marcam a cabeceira de três pistas “virtuais”, somente para orientar os aviões Loganair, única empresa que opera regularmente em Barra, a pousar contra o vento.
Obviamente, voos noturnos não são autorizados, mas no caso de uma emergência médica, os carros dos residentes iluminam a praia para ajudar o avião a aterrissar ou decolar. Existe todo um protocolo e treinamentos para isso.

As rotas para Barra
A Loganair é, atualmente, a única empresa regular a voar para Barra e oferece dois voos diários partindo de Glasgow, operados com turboélices DHC-6 Twin Otter, para 18 passageiros. São aeronaves versáteis, capazes de operar em qualquer condição de terreno.
Em uma hora de voo, o avião percorre os 225 quilômetros que separam a metrópole escocesa da pacata ilha. O vídeo abaixo mostra como é incrível pousar em Barra.
Só duas chances de pousar
A perícia dos pilotos é testada todos os dias, já que, além da pista não-padronizada, o clima da ilha escocesa é severo, com ventos e chuvas.
Os tripulantes têm duas oportunidades para tentar pousar e, se considerarem que as condições não são adequadas, eles são obrigados a voltar. Em caso de atrasos, o pessoal da Loganair tem que acelerar o processo de embarque, porque o avião tem que sair antes que a maré suba novamente.

Esta particularidade faz com que o aeroporto tenha os horários mais díspares do mundo. Como a alta da maré depende de muitos fatores, a única certeza é que seu voo vai sair entre as 10h30 e às 15h30. Aos domingos, as operações são reduzidas, com apenas uma janela de uma hora – das 11h30 às 12h45.
Estes voos são usados por turistas e curiosos que querem sentir a experiência de pousar na areia. Já os 1.000 moradores da ilha veem esse transporte como o caminho mais seguro e rápido para se conectar como mundo exterior.
Essa matéria tem informações da Prefeitura de Barra, The Guardian e Cerodosbe