EXCLUSIVO – Em meados do ano passado, o AEROIN falou com exclusividade sobre os planos de uma operação especial com o Antonov An-225 Mriya, no aeroporto de São Gonçalo do Amarante, que serve à capital potiguar, Natal. A operação nunca ocorreu, mas houve toda uma preparação para que ela acontecesse.
Diante da destruição completa da aeronave na última semana, em meio à guerra da Rússia contra a Ucrânia, decidimos compartilhar mais informações que subsidiaram aquela matéria. Dados confidenciais da operação e da carga não serão revelados, bem como a fonte será preservada.
Quando começou
Em princípio, o assunto começou em agosto de 2021, quando uma carga especial deveria ser transportada para o continente americano e Natal seria apenas uma escala para a aeronave. Por ter sido um avião de grandes proporções e de uma categoria única (Categoria “F”), sua operação demanda um planejamento especial por parte dos administradores aeroportuários.
Em Natal, isso não foi diferente, já que o aeroporto não é homologado para esse tamanho de aeronave. Por isso, um projeto foi criado visando à identificar a melhor forma de receber o gigante dos céus.
O que ficou definido
Pelos estudos, ficou definido que a aeronave de 84 metros de comprimento e 88 de envergadura teria que seguir um caminho específico no patio. Se pousasse pela pista 12, deveria taxiar pelas taxiways B4, B e E; se fosse pela cabeceira 30, deveria seguir pela B1, B e E.
Em ambos os casos, o avião seria estacionado no pátio 01, no eixo de pista de táxi, entre as posições 5B e 3A, como mostra o esquema abaixo, obtido do próprio estudo de impacto preparado pela Inframerica. O objetivo dele parar ali era permitir a operação por meios próprios, sem a necessidade de pushback.
Quando a aeronave acessasse o pátio após o pouso, seria recebida por um fiscal de pátio, que auxiliaria na manobra para que a aeronave ficasse na posição correta. Outras condições foram colocadas antes da aprovação da ANAC ser obtida, incluindo:
– Necessidade de intensificar o monitoramento das condições dos acostamentos da pista 12/30 durante os procedimentos de táxi, pouso e decolagem.
– Os motores externos deveriam estar desligados durante o taxiamento.
– O operador aéreo deveria estar ciente do cenário de risco avaliado.
A respeito do terceiro item acima, a Inframerica chegou a submeter documentos para análise da ANAC, especialmente a Avaliação de Impacto sobre a Segurança Operacional (AISO) e o Procedimentos Específicos de Segurança Operacional (PESO).
Análise da operação
Dentre os pontos operacionais e a respectivas conclusões, estavam:
Análise de Riscos
Com relação aos riscos identificados, estavam os seguintes:
1. Operação de aeronave categoria “F” no SBSG: Conforme tabela 1 abaixo.
2. Presença de aeronave estacionada no eixo da twy de pátio 01: Conforme tabela 2 abaixo:
3. Ponto de espera a 90m do eixo da rwy 12/30: Conforme tabela 3 abaixo.
4. Geração de F.O.D: Conforme tabela 4 abaixo
Por fim
Após todas as análises estarem concluídas, a ANAC aprovou a operação. No entanto, ela nunca veio a acontecer. O motivo para isso nunca foi publicamente revelado.