Oligarcas russos seguem importando peças para jatinhos de luxo driblando as sanções ocidentais

Diferente do que muitos pensam, as sanções ocidentais não têm barrado as operações de jatos executivos da elite oligárquica da Rússia. Um recente levantamento de dados de 2023, realizado pela plataforma investigativa The Insider, revelou que empresas ligadas a alguns dos homens mais ricos da Rússia continuam a importar peças de reposição para suas aeronaves, desafiando as restrições impostas pela comunidade internacional.

A empresa Arsenal LLC, supostamente vinculada ao oligarca sancionado Oleg Deripaska, adquiriu um Falcon 7X por 36,5 milhões de dólares de uma companhia do Cazaquistão em fevereiro de 2023. Este jato está atualmente sob a operação da North-West Aircompany, que também tem raízes em negócios com outras aeronaves importadas desde 2022, desafiando as sanções impostas pelos EUA.

Outro operador relevante é a Aviatis, que supostamente tem ligações com o também sancionado oligarcha Gennady Timchenko. A empresa foi flagrada importando peças da Rockwell Collins, utilizando um intermediário turco.

Por outro lado, dentre os não-sancionados, a Gazpromavia, operadora da gigante de petróleo e gás Gazprom, destacou-se ao importar displays de computadores de voo, motores fabricados pela Honeywell Aerospace e sensores para gelo, totalizando mais de 2 milhões de dólares. Para contornar as restrições de importação de produtos aeronáuticos, a empresa utilizou um intermediário russo, a Modern Mining Machines LLC.

Embora a Gazpromavia esteja especificamente sancionada na Ucrânia, não enfrenta restrições diretas na União Europeia ou nos Estados Unidos, embora suas atividades sejam afetadas por uma proibição geral da exportação de peças de aviação para a Rússia. O impressionante portfólio aéreo da Gazpromavia inclui uma variedade de jatos de prestígio, como dois Boeing 737-700 e várias unidades da linha Dassault Falcon.

A North-West Aircompany, embora sinalizada pelo Bureau de Indústria e Segurança dos EUA, não enfrenta restrições da OFAC ou da UE. De acordo com dados recentes, a empresa conseguiu registrar a importação de um Global 6000 em março de 2024, além de ter adicionado diversos jatos de luxo ao seu portfólio. Sua subsidiária, North-West Technics, continua a importar peças para jatos Gulfstream, em sua maioria, através de tecidos comerciais da China.

Esses eventos sublinham não apenas a resiliência dos oligarcas russos diante de pressões internacionais, mas também a complexidade das redes comerciais que sustentam suas operações. As revelações levantam sérias questões sobre a eficácia das sanções ocidentais e os esforços necessários para impedir a continuidade desses fluxos econômicos.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

Veja outras histórias