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Operador de Estação Aeronáutica: uma profissão importante mas pouco conhecida

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Operador de Estação Aeronáutica Rádio Chapecó

No início deste mês de setembro, uma situação curiosa ganhou destaque no país após um Boeing 737 da Gol Linhas Aéreas não ter conseguido pousar no aeroporto da cidade de Cascavel, no Paraná, em decorrência de não ter obtido resposta ao entrar em contato na frequência da Rádio local.

Na ocasião, a tripulação efetuava um voo não regular entre São Paulo e Cascavel, ou seja, em data e horário fora da programação periódica, e uma falha de comunicação prévia entre a Gol e a empresa responsável pela Rádio Cascavel fez com que não houvesse um Operador na escuta da frequência no momento da aproximação do Boeing 737 (clique aqui para relembrar).

Diante da repercussão do caso, muitas pessoas não tão familiarizadas com a aviação tomaram conhecimento da existência deste tipo de comunicação aeronáutica, que é relativamente diferente do Controle de Tráfego Aéreo, este muito mais conhecido.

Enquanto no Controle existe um Controlador responsável por instruir os pilotos dentro de seu espaço aéreo, na Rádio existe um Operador de Estação Aeronáutica. Este é um profissional que, apesar de não dar instruções de voo às aeronaves, tem um papel também muito importante na segurança de voo em uma determinada área ao redor de um aeródromo, como pudemos ver na ocorrência com o avião da Gol, que precisou ir embora para um destino alternativo.

Assim, para que você possa conhecer melhor a função desse profissional pouco conhecido do público em geral, trazemos hoje uma matéria com um detalhamento sobre a profissão do Operador de Estação Aeronáutica (OEA), bem como vídeos de um Operador em ação.

O Operador de Estação Aeronáutica

Conversamos com Dauni Ricardo de Lima, Gerente Operacional da EPTA SBCH (Estação Prestadora de Serviços de Telecomunicações e de Tráfego Aéreo do aeroporto de Chapecó/SC), que nos passou todas as informações que você verá abaixo.

Um OEA é um profissional credenciado pelo DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), entidade governamental militar do Comando da Aeronáutica brasileiro cuja missão é gerenciar a operacionalidade dos serviços de tráfego no espaço aéreo de soberania do Brasil.

Para isso, o profissional deve concluir um curso do Comando da Aeronáutica com duração de 10 meses, avaliação médica por uma junta médica do Comando da Aeronáutica em hospital aeronáutico, avaliação teórica e estágio prático operacional supervisionado de 90 horas.

Assim, o OEA está capacitado para atender a demanda do tráfego aéreo em evolução num espaço aéreo que compreende um raio de 27 nm (milhas náuticas), ou 54 km, a partir do aeródromo, e do solo até o nível de voo FL145 (14.500 pés, ou 4,4 km), prestando o serviço de informação de tráfego e alerta, meteorologia (decidindo se o aeródromo está operando visual, por instrumentos ou abaixo dos mínimos para pousos e decolagens) e o Serviço de Informações Aeronáuticas (informações para que a tripulação possa planejar seu voo).

“Não somos simplesmente uma pessoa que passa algum tipo de informação. Sob nossa responsabilidade está a segurança de todo o tráfego aéreo e seus passageiros. Com posse da nossa informação a tripulação prossegue o voo, alterna ou até cancela, se for o caso, dependendo das orientações da companhia aérea para a tripulação (procedimento interno)”, descreve Dauni.

Veja no vídeo a seguir um exemplo do Operador em ação.

O Operador de Estação Aeronáutica segue rigorosas regras de tráfego aéreo, com vários protocolos, sendo auditados a cada dois anos por inspeções com regras internacionais, pois o Brasil é signatário da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI).

“Trabalhei na Rádio Cascavel alguns anos atrás e nunca houve nenhuma ocorrência como esta”, comenta Dauni sobre o caso do Boeing 737 da Gol. “Não há registro no histórico de que uma companhia aérea tenha programado seu voo e solicitado o atendimento de Rádio, inclusive fora do seu horário de operação, e que não tenha sido atendida.”

Segundo Dauni, os Operadores em sua maioria são profissionais de longa data, com muitos anos de experiência, tão responsáveis quanto os controladores, e jamais um operador iria abandonar sua posição operacional ou faltar ao seu turno, se não fosse por extrema necessidade ou urgência.

“Apenas para dar um exemplo, a quatro anos atrás, um colega nosso sofreu um ataque do coração na hora que atendia o voo e não abandonou a posição, vindo a falecer posteriormente. Este fato ocorreu no dia 27 de maio de 2016, aqui em Chapecó”, lembra o Gerente Operacional.

E depois que se formam, os OEA permanecem em constante atualização. São cursos de reciclagem, exames médicos, provas e a atuação em outras funções relacionadas além do próprio trabalho.

Dauni, por exemplo, comenta que faz parte da CIPACEA, um setor voltado à prevenção de acidentes e incidentes. “A gente trabalha na prevenção e, se precisar, em algumas situações de investigação. A nossa investigação visa chegar em um resultado que seria a prevenção do acidente futuro, para que isso não volte a acontecer.”

Como geralmente os OEAs são antigos na base onde trabalham, acabam tendo um conhecimento muito grande da situação geográfica e das condições meteorológicas locais, sendo um porto seguro para as companhias aéreas, aviação executiva e aviação geral.

“Temos uma noção boa do que acontece, do que evolui durante um dia, dois dias, três dias, por exemplo, quando entra uma frente fria. Que ela vai ter camada baixa de nuvens, vai reduzir bastante a visibilidade. Ou quando entra uma frente com incidência de raio, trovoada. Então, devido a essa experiência que nós adquirimos operando no local, temos uma boa noção de como fica o tempo. Temos essa condição de prevenir o voo de uma companhia, para que aguarde no solo por melhorias até prosseguir com o voo”, completa Dauni.

Veja a seguir mais um vídeo com detalhes sobre o trabalho do OEA atendendo voos da aviação geral e voos comerciais.

Nossos sinceros agradecimentos ao Operador de Estação Aeronáutica Dauni por todas as informações disponibilizadas aos leitores do AEROIN.

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