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Os maiores jatos privados do Brasil e seus donos bilionários

ANÁLISE EXCLUSIVA – Discretos em suas pinturas e raros de serem vistos, os grandes “jatinhos” privados do Brasil chamam, às vezes, pouca atenção por onde passam.

Um Boeing 737 BBJ – Eric Salard

Com base em informações públicas, fizemos um levantamento exclusivo dos os 25 maiores jatos brasileiros, e seus respectivos donos. O jato mais barato desta lista é avaliado, novo, em $58 milhões de dólares (R$ 328 mi), e o mais caro em US$75 milhões (R$ 423 mi), segundo a base de preços da revista Business Jet Traveller.

Filtramos apenas os jatos que têm peso máximo de decolagem superior ou igual a 45 toneladas, que é o peso do Bombardier Global Express, terceiro maior jato executivo “puro” em operação no país. A filtragem foi necessária pela quantidade abundante de jatos “menores”, deixando apenas a “ponta de lança” da aviação executiva brasileira, com os maiores do mercado.

Maioria destes aviões são de empresários, famílias e empresas de grande porte no Brasil, com presença internacional. Se destacam os setores bancário e farmacêutico, com maior número de jatos executivos da lista.

Começaremos do menor para o maior, citando preços e os arrendadores para os jatos que não estão com o nome do operador como proprietário:

Bombardier Global Express e Global Express XRS

Preço do último modelo (2012) no seu lançamento: US$ 59 milhões (R$ 329 milhões)

PP-VDR – Começamos com um avião que tem na matrícula o nome do dono, que, inclusive, é o único a ter dois jatos nesta exclusiva lista: a companhia Vale Do Rio Doce.

A empresa de mineração utiliza o Global Express (versão anterior ao Global 6000), para levar os executivos da empresa pelas unidades no Brasil ou encontros fora do país, principalmente entre a capital mineira, Carajás (Parauapebas), Rio de Janeiro, Canadá e África. De ano 2008, ele é um dos três Global baseados no Aeroporto da Pampulha, que virou um hotspot do modelo.

Inclusive, a Vale possuía outro jato, um Global Express padrão de matrícula PR-VDR, mas acabou vendendo em meados de 2015 para a Air Jet Táxi Aéreo.

PR-MLJ – Este avião Global Express XRS, feito em 2007, é o único da lista que não é de uma empresa, e sim de uma Igreja, a Universal do Reino de Deus. Fundada pelo bispo Edir Macedo, é uma das maiores igrejas do Brasil, e também tem presença na África, além de ser associada à Record TV.

PR-OOF – Apesar de estar em propriedade da Naje Locação Empresarial, este jato pertence a dois empresários: João Appolinário, da Polishop, e Nelson Alvarenga Filho, da InBrands (conglomerado da moda e dona da operação da Tommy Hilfiger no país). O PR-OOF é o mais antigo dos Global Express no país, tendo sido fabricado em 2001.

O tubarão do Shark Tank e dono da Polishop tem fortuna estimada em R$1 bilhão.

Bombardier Global 6000

Preço de um novo: US$ 62 milhões (R$ 350 milhões)

PS-UQN – Fabricado em 2019 e entregue direto para o dono, é o Global 6000 mais novo do país. Pertence à uma farmacêutica famosa, e trabalhou como nunca durante a pandemia correndo atrás de vacinas, como mostramos aqui.

Ele pertence à União Química Farmacêutica Nacional S/A (daí o “UQN”), uma das responsáveis no Brasil pela Sputnik V, vacina russa do Instituto de Pesquisa Gamaleya, que acabou não sendo aprovada completamente. O jato foi adquirido através da Bradesco Leasing.

PP-FCC – Este outro Global 6000, fabricado em 2013, pertence à Greenplac, parte do grupo Asperbras, que é um conglomerado focado na produção de MDF, plásticos, laticínios, biomassa e agronegócio.

O grupo também afirma ter uma frota de aeronaves Cessna C208 Caravan que usa para levantamento geológico, principalmente na África, onde tem vários investimentos, incluindo uma concessionária da Volkswagen.

PP-GUL – Outra grande indústria é dona deste belo Global de 2011, que conta com faixas azuis na fuselagem e a bandeira do Brasil na cauda. Ele está registrado em nome de Dedalus Administração e Participações Ltda, uma holding que tem como sócio-administrador, Guilherme Peirão Leal, um dos donos da Natura com fortuna na casa dos R$6,78 bilhões segundo a Fobes, e que também foi candidato à vice-presidência na chapa de Marina Silva em 2010. O jato está em nome do Bank of America em acordo de leasing.

PP-LHG – Este provavelmente é o jato mais conhecido desta lista e tem uma pintura chamativa. O LHG é o maior avião da frota da Havan, rede de lojas de departamento fundada por Luciano Hang, com fortuna estimada em R$15 bilhões pela Forbes.

É comum ver Hang postar vídeos e imagens dentro de seus jatos, que percorrem o país inaugurando lojas, e chama atenção onde passa. Este avião foi comprado pela Havan através do Bradesco Leasing.

PR-BPT – Mais um jato da área farmacêutica, este pertence à Alexandre Negrão, conhecido como Xandre Negrão, antigo dono da Medley Medicamentos e empresário de sucesso com fortuna estimada em R$4,7 bilhões pela Forbes, que hoje foca no ramo da agropecuária e energias alternativas. O jato de 2013 está em nome do Credit Suisse, que o financiou para o empresário dando o próprio Global como garantia, no modelo de alienação fiduciária.

PR-DYB – Para muitos, o Global mais bonito do Brasil, que tem uma pintura que foge do padrão de faixas corridas, este jato, fabricado em 2018, segue a “linha farma” e pertence à Cimed. Com frequência leva o CEO João Adibe Marques pelo país.

A pintura preta com vários triângulos de tamanhos e formatos diferentes, chama a atenção e dá um tom artístico ao jato que tem também a Credit Suisse como financeira, num regime de alienação fiduciária.

PT-RBZ – Mais um “morador” da Pampulha, este Global 6000 quase passa despercebido da nossa pesquisa, pelo fato de estar registrado como avião de táxi-aéreo e não particular, diferente dos outros da lista. A operadora é a RBS Táxi Aéreo, nome fantasia da Fly & Fun Táxi Aéreo.

O seu dono, porém, é muito conhecido: Rubens Menim. O mineiro é dono da Conedi Participações, que controla a construtora MRV, o Banco Inter, as lojas ABC da Construção e tem maior parte do canal de notícias CNN Brasil, sua forturna é estimada em R$9,61 bilhões pela Forbes.

O jato serve a todas as empresas do Grupo, como também está disponível para aluguel para terceiros. A aeronave de 2018 está em arrendamento junto ao Banco UBS, da Suíça.

Gulfstream G650 e G650ER

Preço de um novo: US$ 67 milhões (R$ 378 milhões)

PS-MTR – Outro jato mineiro, desta vez de uma conhecida empresa que tem crescido velozmente nos últimos anos: a Localiza Rent a Car. A fortuna estimada dos irmãos da Localiza é de R$ 1 bilhão segundo a Forbes Brasil.

A empresa mineira foi fundada por Salim Mattar e tem como sócio seu irmão Eugênio Mattar, que é o diretor da MXM Holdings, juntamente com Tatiana Mattar, filha de Salim. A holding está registrada como proprietária e operadora do G650ER ano 2014, que também fica no Aeroporto da Pampulha.

PS-RSM – Este belo Gulfstream G650ER faz juz ao nome de sua operadora, a Água Santa Negócios S.A. e tem uma pintura num azul piscina bem charmoso. Apesar do nome aquático, o jato não é de uma empresa de piscinas, sim do presidente da Cosan, Raízen e Comgás. O conglomerado do setor energético, que detém a marca Shell no Brasil, é comandado por Rubens Ometto Silveira Mello, que é presidente da holding Água Santa e tem fortuna estimada em R$ 39 bilhões segundo a Forbes, sendo o 5º brasileiro mais rico da atualidade.

Ometto, inclusive, fez parte do conselho da TAM Linhas Aéreas (hoje LATAM) na época de Rolim Amaro, herdando a participação acionária que a sua família tinha na empresa desde a época do Táxi Aéreo Marília, onde seu tio Orlando Ometto foi fundador e teve Rolim como sócio.

Apesar das raízes com a TAM, que hoje representa os jatos da Cessna no Brasil, o empresário optou pela Gulfstream, sendo este o jato mais novo da lista, fabricado no ano passado e que hoje está em Alienação Fiduciária com o Citibank.

PR-GVI – Novamente uma farmacêutica aparece no ranking, desta vez é a EMS, que começou com uma farmácia em Santa Catarina e evoluiu para laboratório, tornando-se hoje é a maior farmacêutica nacional, com 14% dos medicamentos vendidos fabricados pela empresa.

O G650ER ano 2015 da empresa está com outra pintura padrão da Gulfstream, um tanto discreta.

PP-ADZ – O dono deste jato é de um setor distinto dos outros: o de supermercados. O “ADZ” vem de Abílio Diniz um dos empresários mais conhecidos no país, tendo herdado de seu pai o Grupo Pão de Açúcar, além de ser sócio e membro dos conselhos da BRF (Sadia e Perdigão), e do Carrefour Brasil.

O G650 do empresário virou notícia no ano passado após um veículo de solo atingir a barriga azul de sua fuselagem, causando danos no jatinho. Este belo avião é visto com frequência no Aeroporto de Congonhas e está em regime de leasing com a Credit Suisse.

PS-FGT – O último Gulfstream G650ER da lista é o mais “afortunado” do ranking. Ele está registrado em nome da holding Boat & Plane Time Sharing, administrada por Pedro Coelho e Marina Medley, sócios em várias empresas de Jorge Felipe Lemann, filho do bilionário Jorge Paulo Lemann, um dos donos da AB InBev.

Lemann foi, por anos, o brasileiro mais rico, com uma fortuna de R$ 96,5 bilhões, seguido pelos seus sócios na cervejaria, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles, além de Alexandre Behring, no 8º lugar da Forbes.

Os veteranos da lista foram ultrapassados por Eduardo Saverin, que tem menos da metade da idade de Paulo Lemann, mas foi co-fundador e primeira pessoa a apostar no Facebook de Mark Zuckenberg. Ironicamente Eduardo não tem jato próprio e abriu mão da sua nacionalidade americana para viver em Cingapura, onde paga menos impostos.

Bombardier Global 7500

Preço de um novo: US$ 75 milhões (R$ 423 milhões)

PS-BTG – O mais caro jato da lista (porém não maior) tem apenas dois do modelo no Brasil, e chama a atenção pelo seu porte de jato regional, sendo maior inclusive que muitos aviões regionais por aí.

Como a matrícula denuncia, o primeiro jato é do Banco BTG Pactual, um dos principais bancos de investimento do país. Ironicamente, este grande avião fabricado em 2019 está em alienação fiduciária com outro banco de investimentos, o suíço UBS.

PP-BFB – O outro Global 7500 da lista também tem donos bastante conhecidos nacionalmente, são eles Joesley, Wesley e Júnior Batista, filho dos fundadores da Friboi.

A gigante do setor frigorífico se tornou a JBS, e hoje é controlada pela J&F Investimentos, que é dona do Global e também da Eldorado Brasil Celulose. O jato foi fabricado em 2021 e tem uma pintura branca, acompanhada de duas faixas em cinza e preto.

Boeing Business Jet

Preço de um novo: US$ 71 milhões (R$ 404 milhões)

PR-BBS – O maior da lista, um dos mais raros de serem vistos, e o mais antigo desse rol, fabricado em 2002. Ele possui um hangar próprio em São Paulo, costuma voar à noite e faz basicamente uma ponte-aérea entre a capital paulista e a Suíça. O seu dono? O Banco Safra.

Este Boeing na verdade é um BBJ, designação oficial da fabricante para o 737-700NG modificado para missão executiva. Além do interior luxuoso, o avião conta com tanques de combustível extras no lugar dos porões de carga, permitindo um voo sem escalas de São Paulo até Zurique ou Genebra.

A família Safra é conhecida no país, e a mulher mais rica do país é Vicky Sarfati Safra, com fortuna estimada em R$ 37 bilhões.

© Markus Eigenheer

Embraer Lineage 1000E

Preço de um novo: US$ 53 milhões (R$ 299 milhões)

PS-LIA – Se até agora na lista faltava um jato brasileiro, a indústria nacional está bem representada por esse avião do Bradesco, que está arrendado junto ao concorrente dono do jato anterior desta lista, o Banco Safra.

O avião fabricado no Brasil é uma versão executiva do Embraer E190, seguindo a mesma linha do BBJ. Este E-Jet está registrado em nome da Abernéssia Participações, administrada por Luiz Harunari Goshima, que é parte do conselho da Fundação Lia Maria Aguiar, daí a matrícula do jato.

Lia Aguiar foi deixada em frente a uma agência do Bradesco quando bebê e adotada por Amador Aguiar, fundador do banco. Do pai, herdou 1,8% das ações do banco e hoje sua fortuna é estimada em R$ 1,4 bilhão.

A pintura alegre do avião combina tons métalicos de dourado, verde e cinza, e nada lembra o vermelho do banco. Este avião, assim como o PR-BBS, é raro de se ver, e a foto mais recente dele foi capturada por nós semanas atrás no Aeroporto Internacional de Campinas.

Bônus

Ironicamente nesta lista não está nenhum Airbus Corporate Jet, ou ACJ. A situação é um contraste da aviação comercial, onde a Airbus domina o mercado no país com a Azul e LATAM.

Realmente, o único ACJ do país tem como dono o povo brasileiro e está a serviço da presidência: o FAB2101 (abaixo) é um A319 modificado para serviço VIP comprado na era Lula.

Spotting973 / CC BY-SA (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0)

O governo também tem dois Embraer de matrículas FAB2590 (abaixo) e 2591 que compõem o Grupo de Transporte Especial e também são iguais ao PP-ADV, ou seja, jatos E190 normais, não da variante VIP Lineage.

Por enquanto não existem confirmações de novos jatos executivos chegando ao Brasil, apenas rumores de um novo Global 7500 para tirar o reinado do BTG, e possivelmente a longo prazo um Gulfstream G700 e/ou G800 para desbamcar o pódio da Bombardier.

Até lá estes são os maiores e mais caros jatos executivos do Brasil, qual é o seu preferido?

https://aeroin.net/os-10-jatinhos-mais-vips-mundo/

https://aeroin.net/quais-paises-usam-o-jumbo-boeing-747-8-como-aviao-presidencial/

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