Ouça as comunicações do momento do acidente com o Boeing 757 na Costa Rica

Imagem: Felipe Chavez, via En vivo desde SJO

As comunicações dos pilotos do Boeing 757, que se acidentou na quinta-feira na Costa Rica, com o controlador de tráfego aéreo da Torre do aeroporto durante a chegada para o pouso, bem como do controlador do Controle de Solo com outras aeronaves após o acidente, foram registradas em áudio, publicado pelo canal VASAviation, conforme o vídeo a seguir:

Reversores de empuxo fechados

As filmagens publicadas na quinta-feira, 7 de abril, mostrando o acidente com o Boeing 757 da DHL na Costa Rica já permitiam notar, mesmo que ao longe, que aparentemente os reversores de empuxo da aeronave pareciam não estar abertos no momento do acidente.

Mas uma das gravações, feita de um posição mais próxima à pista, conforme visto no vídeo a seguir, traz a confirmação de que os dispositivos de redução de velocidade nos motores, de fato, não estavam acionados no momento, mesmo com a aeronave ainda bastante veloz.

O jato 757-200 cargueiro, de matrícula HP-2010DAE, foi levado de volta ao aeroporto Juan Santamaria, de San José, capital da Costa Rica, após os pilotos reportarem uma falha hidráulica pouco depois de terem partido no voo D0-7216.

Na gravação acima, é possível notar que a aeronave está com flaps e slats defletidos e spoilers levantados em sua asa no pouso, portanto, a pane hidráulica parece não ter afetado, ao menos não por completo, o acionamento destes dispositivos que auxiliam na execução de um pouso em menor velocidade.

Muitas pessoas levantam a possibilidade de que a pista de 3 mil metros (contando com a cabeceira estendida de cerca de 500 metros, disponível ao final do pouso) tenha se tornado crítica para uma operação sem possibilidade de acionamento dos reversores, o que teria levado os pilotos a tentar um “cavalo de pau” para parar a aeronave.

No entanto, apesar da suposição, do ponto em que ocorreu o acidente até o final da pista, com a cabeceira estendida, ainda havia uma distância considerável, de quase 1.000 metros, para uma maior redução de velocidade, portanto, a suposição feita por outras várias pessoas, de perda de controle por travamento de freios, também é bastante, ou até mais, plausível, já que os pilotos poderiam efetuar o “cavalo de pau” mais próximo ao final do pavimento, em menor velocidade.

A posição final do avião e a distância de pista ainda restante – Imagem: FlightRadar24

De qualquer maneira, tudo que se tem confirmado até agora é apenas que houve anúncio de falha hidráulica pelos pilotos e que os reversores foram vistos fechados durante o pouso. Todas as demais informações não passam apenas de suposições, portanto, é necessário aguardar até que declarações dos pilotos ou dos investigadores sejam divulgadas e indiquem o que realmente aconteceu.

O acidente ocorreu por volta das 10h30 da manhã do horário local (13h30 de Brasília) e o aeroporto foi reaberto por volta das 15h40 locais. Cerca de 6 mil passageiros e 32 voos foram afetados no período.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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