A companhia aérea alemã Lufthansa está revertendo o compromisso de comprar 14 jatos Boeing 777X no valor de US$ 6,2 bilhões, segundo informou a empresa em relatório trimestral divulgado ao mercado financeiro.
Anunciada como um pedido firme há seis anos, como parte de um acordo para 34 jatos, o escolha agora voltou a ser classificada como “opções”, status que indica que a empresa tem apenas interesse na compra, mas não mais a confirmação.
Essa mudança entre as classificações de “firme” ou “opção” é normalmente na outra direção, com as companhias aéreas entrando com opções até uma decisão definitiva para as compras firmes. A Lufthansa disse que o acordo sempre foi passível de reconfirmação, e que mesmo assim a mudança não significa um cancelamento.
A empresa alemã vem examinando sua carteira de pedidos, à medida que opta cada vez mais pelos modelos menores de widebody (aviões de corredor duplo). Planejando aposentar alguns superjumbos Airbus A380, em março a companhia encomendou pela primeira vez o 787 Dreamliner, que transporta menos pessoas que o 777.
A Lufthansa disse em seu comunicado do terceiro trimestre que não há segurança suficiente de que as encomendas dos 14 aviões são adequadas para os planos de frota e crescimento de capacidade.
Segundo informou a Bloomberg, mesmo com a companhia aérea tendo anteriormente considerado o pedido como firme, a Boeing disse que o pedido das 14 unidades já não havia sido classificado como firme, e que a Lufthansa apenas “continua tendo um pedido firme de 20 777X e 14 opções”.
O 777-9, a versão maior do modelo, tem um preço de lista de US$ 442 milhões, embora o custo tenha sido muito menor quando a Lufthansa encomendou os aviões, mesmo antes dos grandes descontos normalmente garantidos pelas principais transportadoras.
Problemas e atrasos do projeto 777X
Apesar de uma decisão estratégica da companhia aérea, a mudança do pedido da Lufthansa vem como mais um golpe no novo projeto da Boeing.
Inicialmente previsto para ter seu primeiro voo de testes por volta do meio de 2019, a entrada em serviço do 777X já foi adiada algumas vezes nos últimos meses e, até o momento, mudou para o início de 2021.
Os atrasos vieram como consequência de problemas dos motores GE9X da General Electric. Os turbofans são um novo projeto desenvolvido especificamente para o gigante da Boeing, o maior jato bimotor comercial já construído, sendo também os maiores e mais potentes motores turbofan da história.
Além do atraso com os motores, a Boeing também enfrentou um problema técnico com os testes estruturais da fuselagem do 777X. Em um dos testes de pressurização, quando uma grande pressão de ar é aplicada dentro da aeronave, uma das portas foi arremessada quando a estrutura não resistiu ao esforço.
Embora os testes sirvam exatamente para este propósito de se encontrar falhas do projeto, certamente a fabricante não desenvolveu a estrutura esperando que ela falhasse, o que leva o projeto a uma nova avaliação para definição da causa da falha e correção do problema.
Veja a seguir uma seleção de matéria sobre o novo gigante 777X da Boeing, seus potentes e enormes motores GE9X, e suas pontas de asa dobráveis inéditas na aviação comercial: