Passageiro processa a aérea afirmando que ficou encharcado de combustível após avião capotar

Imagem: TSB

A Delta Air Lines já enfrenta processos movidos por passageiros que estavam a bordo do voo 4819, que se acidentou no Aeroporto Internacional Toronto Pearson, no Canadá, na tarde da última segunda-feira (17).

Hannah Krebs e Marthinus Lourens entraram com ações separadas contra a companhia aérea, com sede em Atlanta, alegando negligência e reivindicando compensação com base na Convenção de Montreal, que responsabiliza as companhias por lesões sofridas por passageiros durante voos internacionais.

No processo, Marthinus relata ter ficado encharcado por combustível de aviação enquanto o avião deslizava pela pista.

Segundo ele, a asa direita e a cauda da aeronave se desprenderam antes de o avião capotar e parar de cabeça para baixo. Preso pelo cinto de segurança e coberto de combustível, ele percebeu que o avião havia pegado fogo e conseguiu escapar dos destroços com ferimentos graves na cabeça, pescoço, costas, joelhos e rosto.

Segundo o Paddle Your Own Kanoo, Hannah, por sua vez, afirma ter sido violentamente arremessada pela cabine, quando o avião virou de cabeça para baixo, resultando em “lesões extremas”.

Seus advogados, do escritório Motley Rice, responsabilizam os dois pilotos pelo acidente, alegando que eles operaram o voo em “flagrante violação de diversas normas internacionais, padrões da indústria aérea dos Estados Unidos e regras de voo estabelecidas”.

A ação, protocolada em um tribunal distrital de Minnesota, onde está sediada a Endeavour Air — subsidiária integral da Delta responsável pelo voo —, alega: “Entre uma série de erros e omissões, a tripulação do voo 4819 deixou de seguir os procedimentos básicos para a aproximação de pouso em YYZ, não monitorou corretamente as condições de voo e falhou em se comunicar e reagir às condições enfrentadas durante a aproximação.

O advogado Jim Brauchle, especialista em aviação e representante de Hannah, alertou que os demais passageiros do voo 4819 devem ser cautelosos antes de aceitar acordos financeiros rápidos.

A Delta Air Lines ofereceu a cada passageiro um pagamento de US$ 30.000. Um porta-voz da companhia, no entanto, ressaltou que a oferta “não impõe restrições” e não compromete o direito dos passageiros de processar a empresa.

Como ex-navegador da Força Aérea dos Estados Unidos, entendo os desafios que as tripulações enfrentam em situações como essa, mas seguir os protocolos estabelecidos é essencial para garantir a segurança dos passageiros”, afirmou Brauchle após o registro do processo.

Esta ação busca responsabilizar a Delta e a Endeavour Air por decisões que, acreditamos, resultaram em um acidente catastrófico que poderia ter sido evitado.

Na quinta-feira, a Delta negou rumores que circulavam nas redes sociais de que os dois pilotos no comando do Bombardier CRJ envolvido no acidente eram inexperientes ou haviam reprovado em treinamentos.

A identidade dos pilotos ainda não foi oficialmente confirmada pela Delta, embora seus nomes tenham sido divulgados online.

A investigação sobre as causas do pouso forçado do voo 4819 ainda está em fase inicial. O Conselho de Segurança no Transporte do Canadá (TSB), responsável pela apuração, informou que já começou a analisar os dados do gravador de voo e o áudio do cockpit, recuperados da aeronave.

Especialistas em aviação pediram que se evite especulações prematuras sobre as causas do acidente até que as investigações oficiais sejam concluídas.

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Com uma paixão pelo mundo aeronáutico, especialmente pela aviação militar, atua no ramo da fotografia profissional há 8 anos. Realizou diversos trabalhos para as Forças Armadas e na cobertura de eventos aéreos, contribuindo para a documentação e promoção desse campo.

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