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Passageiros que vieram em avião de deportados foram presos ao desembarcar no Brasil

A chegada de mais de 200 deportados brasileiros vindos dos EUA ajudou a Polícia Federal a acabar com um esquema de tráfico humano.

Foto de Carlos Vaz

Segundo dados do Governo Federal, o voo que saiu da Base dos Fuzileiros Navais de Yuma para o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, levou 211 deportados, sendo 90 menores de idade. Esse foi o primeiro voo em muitos anos a utilizar um avião do porte do Boeing 767 para trazer deportados ao Brasil, sendo que o último registro que se tem de um voo desse tipo, também operado por um 767, é de 2004.

Já faz alguns anos que uma nova onda migratória brasileira surgiu rumo aos EUA, a qual foi agravada com a pandemia. O pico foi tão alto que o governo mexicano tem barrado alguns brasileiros que viajariam para lá, com suspeita de que eles tentariam uma entrada ilegal nos EUA.

Muitos destes brasileiros chegam no México legalmente, se dirigem até cidades-chave na fronteira, como Tijuana, Mexicali, Nogales, Ciudade Juarez e Laredo, onde tentam a travessia. Mas a pequena cidade de San Luis Río Colorado, vizinha à Yuma, também tem sido um ponto de entrada:

O objetivo, muitas das vezes, não é pular o muro ou cruzar a fronteira sem ser pego pelos agentes americanos, mas sim se entregar para eles, no sistema chamado de “cai-cai”.

Nos últimos tempos, os EUA tem deixado que alguns imigrantes aguardem a resposta do pedido de asilo em solo americano, onde conseguem arrumar algum emprego e iniciar uma vida. Denúncias dizem que existe uma certa facilidade para famílias entrarem nesse sistema de aguardo em território americano, e que isso tem levado ao tráfico de pessoas, o que resultou nas prisões no desembarque em Confins nessa semana.

Basicamente, pessoas solteiras, na maioria homens, agenciam com coiotes o tráfico de crianças (acompanhadas ou não de suas mães) para poderem cruzar a fronteira juntos como uma família. Até certidões de casamento falsas são utilizadas. A Polícia Federal chegou a prender algum destes agenciadores no final do ano passado.

Nesta semana, ao pousar em Confins, o desembarque do voo durou 5 horas, segundo fontes que estavam envolvidas na operação revelaram ao AEROIN. O motivo é que a Polícia Federal, em conjunto com o Juizado da Infância e da Juventude e o Conselho Tutelar, fizeram entrevistas a cada um dos 211 desembarcados, verificaram documentos e histórico das pessoas.

Dentre os passageiros, estavam alguns homens que se utilizaram de coiotes para agenciar uma falsa família. A Polícia Federal conseguiu identificar alguns deles, que foram presos antes mesmo de saírem do aeroporto. Ao menos 10 pessoas teriam sido presas por tráfico humano no desembarque.

Os passageiros que saíram sem nenhum problema relataram que estavam algemados no voo, e que passaram fome e frio nos centros de detenção. Historicamente, a maioria dos imigrantes ilegais sai de Minas Gerais, principalmente da região do Vale do Aço, motivo pelo qual o Boeing pousou em Belo Horizonte, mas também estavam neste voo passageiros que são de Goiânia, Espírito Santo, Rondônia e Bahia.

Durante a noite, nas rádios mineiras, não foi difícil ouvir uma mensagem de alerta do governo americano desincentivando a imigração ilegal. Mais voos de deportados devem ocorrer nas próximas semanas.

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