Em que pesem as recorrentes notícias de obras e melhorias em vários aeroportos brasileiros, há outros cujo abandono é evidente. Um deles é o aeroporto de Lábrea, na Amazônia, onde cercas quebradas, buracos na pista e até cavalos trafegando no sítio aeroportuário são parte do dia-a-dia.
Todos esses fatores podem, tranquilamente, contribuir para um acidente aéreo e até uma tragédia e, por isso, a Voepass, que opera no local, emitiu um comunicado interno informando aos seus pilotos para ficarem atentos aos perigos de voar ali.
Dentre os principais tópicos citados no documento, enviado ao AEROIN por fontes próximas da empresa, estão o risco de incursão da pista de pouso por pessoas, veículos e animais de todos os portes; os riscos para a integridade da aeronave e ocupantes por conta do terreno degradado, com buracos, pedras e até vegetação crescendo na pista, além de má sinalização.
Durante uma vistoria, foram identificados objetos na pista, buracos, trincas profundas, vegetação, fezes de cavalo e até mesmo um tamanduá. Trilhas na cabeceira e próximas da pista evidenciam a presença humana no local, o que também pode resultar em acidentes.
A última intervenção no aeroporto aconteceu na década de 1980 e, desde então, nenhuma outra reforma foi conduzida, deixando aeroporto à própria sorte. A fiscalização falha ou inexistente também resulta nos vandalismos da cerca de segurança e construção de trilhas.
Lábrea é um município do interior do estado do Amazonas, com população de 48 mil habitantes. Em local remoto, a única forma de chegar por terra ao município é pela Rodovia Transamazônica, de modo que o transporte aéreo desempenha importante papel para a economia da região. A agropecuária é quem mais contribui para a economia local e coloca o município como o 36º maior PIB da agropecuária no Brasil.
Atualmente, apenas a Voepass (Passaredo/MAP) operam voos no local com aeronaves de maior porte. Outras empresas menores, como a Rio Madeira Táxi Aéreo, também têm operações na região. A empresa paulista já sinalizou anteriormente o interesse em aumentar as frequências na região.
Ainda assim, o aeroporto local possui tantas e lamentáveis deficiências. Ele é administrado. Se o Governo deseja levar adiante, para valer, o projeto Aero Amazonas, é fundamental que esses problemas sejam endereçados.