Pentágono e Finlândia também negam que caças F-35 tenham botão de desligamento remoto

Divulgação – Força Aérea da Finlândia

Mais autoridades se juntaram ao coro para desmentir a informação de que o caça F-35 da Lockheed Martin possa ser desligado remotamente.

Recentemente, vários meios de comunicação divulgaram a possível existência de um “botão de desligamento”, o chamado “Kill Switch“, que permitiria ao governo de Donald Trump desativar remotamente os caças Lockheed Martin F-35 Lightning II adquiridos por diversas Forças Aéreas europeias.

Inicialmente, a Suíça desmentiu essa informação, deixando claro que não precisa de autorização para utilizar o avião da maneira que bem entender. Logo depois, a Bélgica também divulgou um posicionamento similar.

Agora, nesta quarta-feira, 19 de março, o Pentágono, a Lockheed Martin e a Força Aérea da Finlândia se posicionaram oficialmente sobre o assunto. A fabricante americana e os militares do Departamento de Defesa foram categóricos ao afirmar que “o F-35 foi feito para aumentar a interoperabilidade entre nações aliadas, proteger sua soberania e garantir que possam operar de maneira efetiva e conjunta para atingir objetivos de defesa em comum”.

Os rumores carecem de fontes técnicas e ignoram o fato de que o F-35 é resultado de um consórcio formado por vários países, incluindo Austrália, Canadá, Itália, Dinamarca, Noruega, Países Baixos, Reino Unido e Turquia.

Inclusive, um dos clientes, Israel, fez modificações próprias nos aviônicos e sistemas sensíveis do seu caça, transformando o F-35A no F-35I Adir, e nunca foi relatada a existência do chamado “kill switch”. Nem mesmo a Turquia, que chegou a ser excluída do programa devido à proximidade com a Rússia e agora está em vias de ser reintegrada, relatou qualquer tipo de restrição.

As falas foram corroboradas por uma declaração do comandante da Força Aérea da Finlândia, Major-General Timo Herranen, que afirmou: “Baseado nas várias décadas de cooperação, eu continuo a confiar que os Estados Unidos e a Lockheed Martin vão garantir a performance da grande parceria feita em torno do F-35 e sua frota, em todas as situações“.

O oficial finlandês também destacou que esse rumor não é novo e já havia surgido na época em que o país escolheu o McDonnell Douglas F/A-18 Hornet como principal caça, substituindo o sueco SAAB Draken e o soviético MiG-21bis: “Existe um debate público em vários fóruns sobre a confiança no F-35 em uma crise futura (em que os EUA possam se aproximar mais da Rússia). Eu posso afirmar que o F-35 não tem um botão de desligamento. Estamos operando equipamentos americanos de maneira confiável há mais de 30 anos, apesar de alegações similares terem sido feitas quando adquirimos o Hornet, sugerindo que sua capacidade poderia ser reduzida por decisão dos EUA“.

A antiga e falaciosa história do “kill switch”

HMS Sheffield em chamas após ser atingido nas Malvinas

Essa teoria do “kill switch” é antiga e ganhou destaque durante a Guerra das Malvinas. Supostamente, o psicanalista do então presidente francês François Mitterrand, em uma quebra de sigilo médico, escreveu que o líder francês confessou que a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, o teria forçado e até ameaçado com armas nucleares caso ele não fornecesse “os códigos de desativação dos mísseis Exocet”.

No entanto, essa alegação nunca foi confirmada por nenhum militar francês, argentino ou britânico. Mesmo assim, a história tem sido repetidamente alimentada ao longo dos anos, com muitos atribuindo à suposta “falha” dos mísseis Exocet – lançados a partir dos caças franceses Dassault-Breguet Super Étendard utilizados pela Argentina – um dos motivos para a derrota do país latino-americano no conflito.

Essa teoria ignora vários fatos, como o de que a Argentina entrou na guerra possuindo apenas cinco mísseis Exocet em estoque e contando que a França não suspenderia as entregas quando o conflito se iniciasse. Além disso, os caças Super Étendard utilizaram os mísseis com plena capacidade, atingindo o contratorpedeiro HMS Sheffield, matando 20 tripulantes, ferindo outras dezenas e causando o afundamento do navio.

As únicas informações mais concretas apontam que os franceses forneceram detalhes técnicos sobre o míssil aos britânicos, permitindo que a Marinha Real Britânica se preparasse melhor para futuros ataques. No entanto, o único disparo bem-sucedido de Exocet confirmado foi o que atingiu o HMS Sheffield.

Os próprios britânicos criticaram o fato de a França não ter dado mais ajuda para que o número de mortes fossem menores, mas uma análise posterior demonstrou uma série de falhas nos procedimentos e camadas de defesa da frota britânica no Atlântico Sul, que permitiram os caças argentinos chegarem tão perto (menos de 50 quilômetros) para então lançarem os mísseis Exocet.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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