Piloto avança sem autorização e passa com avião de 70 toneladas sobre a perna de técnico no aeroporto

Um inacreditável acidente no Aeroporto de Ecaterimburgo, na Rússia, resultou na amputação da perna do técnico Rail Khasanov, de 22 anos, que foi atropelado por uma aeronave da Ural Airlines em maio deste ano.

Segundo a mídia russa, o acidente, que despertou intensa comoção e debate sobre segurança aérea, ocorreu durante a conclusão do procedimento de push back, quando Khasanov estava ocupando-se de desconectar o cabo de fones de ouvido do intercomunicador.

Inesperadamente, o Airbus A320, de cerca de 70 toneladas, começou a se mover sem autorização, passando com suas rodas sobre a perna do jovem técnico. A tragédia ocorreu por uma aparente falha de comunicação com o comandante da aeronave, encarregado do voo para Bishkek, que não aguardou a liberação para avançar.

Rail relembra o traumático momento em que sentiu as rodas esmagarem seus ossos, mas, em choque, ficou sem sentir dor imediata. As imagens abaixo podem ser sensíveis para certos espectadores.

Logo após o acidente, a rápida resposta das equipes de emergência garantiu que Rail fosse socorrido e conduzido ao hospital, onde foi colocado em coma induzido para controlar o nível extremo de adrenalina e hemorragia. Rail relatou a E1.RU como conseguiu, mesmo debaixo da aeronave, escrever para sua mãe comunicando o que havia acontecido.

Surpreendentemente, apesar do desfecho trágico e das evidentes falhas de segurança, Rail decidiu não processar o comandante. Em um acordo extrajudicial, foi estabelecido que ele receberia um valor. Ele explicou sua escolha, admitindo que o piloto também enfrenta suas dificuldades pessoais, incluindo família e obrigações financeiras, e que não desejaria arruinar a carreira do outro.

Mesmo enfrentando desafios consequentes da sua recente deficiência, Rail permanece formalmente vinculado à Ural Airlines, ainda que sua situação de incapacidade não tenha sido oficialmente regulada.

Atualmente, ele se locomove em uma cadeira de rodas emprestada por amigos da família, e a companhia aérea afirma oferecer todo o suporte médico necessário. Contudo, Rail destaca não receber integralmente os pagamentos de licença médica conforme legislação, que prevê remuneração completa em casos de acidentes industriais alheios ao erro do funcionário.

O apoio de colegas foi crucial, com pilotos e empregados da companhia arrecadando fundos, além do suporte emocional constante de sua família.

A Ural Airlines expressou compromisso em custear a reabilitação completa de Rail através de seguros e programas corporativos, mas a experiência levanta questões sobre a eficácia e segurança dos protocolos de comunicação e operação aeronáutica.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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