Um vídeo que tem ganhado muito destaque nas redes sociais nesta semana (sem definição de data ou lugar até o momento, mas aparentemente no aeroporto de Paro, no Butão) mostra um bom exemplo do que não é recomendado aos pilotos fazer aos comandos de um avião durante a aproximação e o pouso.
Em meio a diversos alertas dados pelos sistemas da aeronave durante a aproximação para pouso, os pilotos ignoraram todas as indicações de que muitas coisas não estavam dentro dos padrões da operação e prosseguiram até o pouso, que terminou com um forte impacto contra a pista.
Conforme o vídeo abaixo, primeiro ouve-se o aviso de “bank angle”, alertando que o avião estava com suas asas muito desniveladas (muito fora da horizontal) para aquele momento do voo. Nota-se que a aproximação está bastante fora do alinhamento centra da pista e os pilotos estão fazendo uma intensa curva para buscar o prolongamento da linha central.
Logo na sequência, são ouvidos os alertas de “sink rate” (taxa de afundamento) e “pull up” (puxar o manche para elevar o nariz), ou seja, o sistema do avião identificava que a aproximação era feita com uma razão de descida muito alta do que a indicada para aquele momento.
Os pilotos prosseguem com a aproximação e, quando prestes a cruzar a cabeceira, os avisos de “sink rate” continuam enquanto o avião ultrapassa a linha central e também o limite lateral da pista no lado oposto.
O piloto segue corrigindo o alinhamento com a pista até os instantes finais da aproximação, quando o sistema da aeronave já anunciava “fifty, forty, thirty, twenty, ten”, que são as indicações de que a altura sobre o solo, em pés, era de “cinquenta, quarenta, trinta, vinte, dez”.
Imediatamente após o anúncio de dez pés (cerca de 300 centímetros), devido à razão de descida ainda maior do que a ideal para o arredondamento do pouso, a aeronave faz o forte contato com a pista.
Veja a seguir o vídeo com toda a sequência acima descrita:
Aproximações não estabilizadas como essa são fortemente desencorajadas na aviação devido ao risco de consequências graves no pouso, exceto em casos muito específicos de aeroportos em localidades que não permitem uma aproximação previamente estabilizada, como, por exemplo, na presença de terrenos elevados ao redor. Mesmo assim, nestes casos excepcionais a aeronave costuma estar estabilizada nos instantes finais antes do toque, evitando um pouso tão brusco.
Veja a seguir um exemplo de um Boeing 737-300 que foi seriamente danificado em julho do ano passado, em um pouso muito parecido com o do vídeo acima:
Atualização: conforme informações do The Aviation Herald, o pouso aconteceu no dia 12 de julho, no Aeroporto de Paro, quando a companhia aérea Tri-M.G. Intra Asia Airlines levava vacinas ao Butão com o Boeing 737-300 cargueiro de matrícula PK-YGW. Veja na gravação a seguir outra aproximação feita no mesmo local, porém de forma totalmente estabilizada:
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