Piloto da Virgin Atlantic é demitido por dormir no cockpit durante voo

Um piloto da Virgin Atlantic foi demitido após ser acusado de dormir por 40 minutos durante um voo comercial de longo curso, enquanto ele era o único ocupante da cabine de comando. Agora, ele pede uma compensação de 1,7 milhão de libras.

O comandante Mike Lawson, 48, da Virgin Atlantic, que diz ter sido injustamente forçado a deixar o emprego depois que circularam rumores de que ele tirou um cochilo de 40 minutos durante um voo de longo curso de Heathrow para Hong Kong em setembro de 2015, durante o qual os dois co-pilotos ficaram doentes.

Segundo reporta o The Times, faltando oito horas até o destino, o comandante Lawson decidiu não abortar o voo e, em vez disso, prosseguiu sozinho até aterrissar em segurança com ajuda de um dos companheiros já recuperado.

Posteriormente, rumores que ele diz serem “completamente infundados” circularam pela empresa, incluindo o fato de ele ter tirado um cochilo enquanto seus colegas estavam indispostos e afastados da cabine.

Demissão em 2017

Segundo o comandante, os meses que sucederam ao boato foram de retaliações até que ele acabou demitido em maio de 2017, com a Virgin citando sua falha em passar em dois testes de simulador de voo em 2016 como o motivo.

Decidido a buscar por justiça, ele processou a empresa e pede 1,7 milhão de libras por sua demissão, alegando que o avaliador do teste foi “desnecessariamente agressivo” com ele, motivado pela postura hostil da companhia aérea após o voo de Hong Kong. Ele também está alegando discriminação por incapacidade, alegando que estava mentalmente doente devido ao estresse e à ansiedade no momento em que fez os testes – causados ​​em parte por sua incapacidade de se defender contra os rumores.

Piloto
Comandante Lawson – Foto da Champion News

Sua alegação foi inicialmente rejeitada por um tribunal laboral em janeiro do ano passado, mas foi restabelecida por um juiz do Tribunal de Apelação em Londres. O juiz de apelação informou em seu parecer que “toda a identidade de vida do comandante Lawson estava intimamente ligada ao fato dele ser piloto da Virgin”, depois de 19 anos de carreira na companhia aérea, e que o fato deve ser melhor investigado.

O que aconteceu no voo de Hong Kong

Segundo os autos, o comandante Lawson estava pilotando o avião de Heathrow para Hong Hong, quando os outros dois pilotos (o primeiro-oficial e um de backup) ficaram doentes ao mesmo tempo, deixando-o sozinho no comando do jato.

Por alguma razão desconhecida, nasceram boatos de que ele havia dormido enquanto era o piloto no comando e não tinha mais ninguém na cabine. Após várias horas, um dos auxiliares recuperou sua condição e voltou ao cockpit para ajudar no procedimento de aterrissagem.

Após o incidente, a Virgin abriu uma investigação e lhe manteve afastado dos voos entre outubro e novembro de 2015, embora “não tenham lhe dito que havia feito algo errado”. Nesse período, ele comenta que começou a sofrer de estresse e ansiedade. Devido aos rumores, o comandante diz ter sofrido retaliação da empresa e de colegas, que relutavam em trabalhar com ele ou estarem associados a seu nome.

No entanto, passados três anos, a Virgin Atlantic não produziu um relatório sobre a investigação interna, deixando-o atormentado por ansiedade porque “ele sentiu que não podia se defender dos rumores”.

E a Virgin

Lawson, que desde então trabalha em outra companhia aérea, alega demissão injusta e discriminação, alegando que estava mentalmente doente no momento dos testes e que seus chefes deveriam tê-lo testado novamente.

No entanto, a Virgin alega que piloto foi legitimamente demitido e nega suas acusações, além de contestar sua alegação de que ele estava mentalmente incapacitado no momento dos testes. A companhia aérea afirma que ele “exagerou” alguns de seus sintomas e que suas alegações não são “corroboradas pelas evidências médicas”.

Essa acusação de que o comandante dormiu é extremamente grave, pois fere princípios de segurança da aviação comercial e, em alguns países, fere a lei. Nenhuma data foi marcada para o caso retornar ao tribunal do trabalho do Reino Unido.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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