Piloto denuncia risco grave após seu voo ser forçado a desviar para local não planejado

Um comandante denunciou o caso de um voo desviado que poderia terminar em tragédia, matando vários jogadores de uma seleção nacional.

O caso aconteceu com um Bombardier CRJ-900 da companhia aérea nigeriana ValueJet (não confundir com a americana ValuJet Airlines que teve um famoso acidente com um Douglas DC-9 em 1996), fretado para a seleção de futebol da Nigéria.

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O jato regional canadense decolou para Bengazi, na Líbia, onde a seleção nigeriana iria enfrentar a Líbia como parte das Eliminatórias da Copa Africana das Nações. Porém, o avião, mesmo já em rota e com plano de voo aprovado, foi forçado pelo Controle de Tráfego Aéreo da Líbia a seguir para o Aeroporto de Al-Abraq, que fica a mais de 100 milhas náuticas de distância.

Este aeroporto não constava no planejamento de voo, nem como destino e nem como alternativa ao destino. Apesar de o pouso ser feito em segurança, os jogadores ficaram presos no aeroporto, sem acesso à alimentação e à internet, já que nenhum hotel da região quis aceitar a seleção.

A situação foi denunciada não apenas pelos jogadores, mas também pelo comandante da aeronave, que disse que o avião quase ficou sem combustível.

“Tudo tem que ficar registrado na aviação, não podemos esconder nada, então eu pedi para eles várias vezes, ao menos oito vezes, eu alertei eles, que provavelmente teríamos problemas de combustível, mas eles disseram que a autoridade máxima não permitiu eles pousarem em Bengazi e que deveríamos alternar imediatamente para Al-Abraq”.

O comandante vai além e denunciou a situação de descaso, afirmando que o aeroporto que foi colocado para pouso não é internacional e não poderia receber um voo vindo da Nigéria, e que também não conta com sistema de pouso por instrumento (ILS) e nem VOR, com infraestrutura bastante precária.

Com toda a situação, os jogadores desistiram do jogo e, após pressão causada pelas mídias sociais, o avião conseguiu ser abastecido em Al-Abraq e retornar para a Nigéria. Ainda não existe uma nova data para que o jogo seja feito, e a Confederação Africana de Futebol disse que irá investigar o caso.

Existem suspeitas de que os líbios fizeram essa proibição de pouso (que, a depender da interpretação, pode ser considerada interferência ilícita em aeronave, em outras palavras, terrorismo), em retaliação à falta de transporte que a seleção da Líbia teve no jogo de ida na semana passada na Nigéria.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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