Nos últimos cinco dias, o piloto Dmytro Antonov publicou novos vídeos em seu canal no YouTube, informando que está seguindo para uma nova rotina e voltando aos voos após quatro meses. O comandante ganhou grande notoriedade por publicar vídeos quase diários falando da situação da guerra na Ucrânia, em especial dando atualizações sobre questões envolvendo a fabricante estatal Antonov (da qual ele compartilha o sobrenome).
Os dias da guerra
Com uma postura firme, Antonov compartilhou informações de grande repercussão desde os primeiros dias da invasão russa. No início, o foco estava em prover atualizações sobre os aviões estacionados na Ucrânia, com destaque para o único Antonov An-225 Mryia, o maior avião comercial do mundo, que acabou destruído durante um dos combates no aeroporto de Gostomel, cidade a noroeste de Kiev.
Depois, quando os russos recuaram da região da capital ucraniana, Antonov foi um dos primeiros a mostrar imagens detalhadas da destruição, não apenas do An-225, mas de outras aeronaves que ali estavam, incluindo o An-22 Antei, o maior turboélice comercial do mundo.
Denúncias
Foi Antonov quem denunciou um possível esquema envolvendo a diretoria da fabricante, que teria deixado a Ucrânia dias antes da invasão para se instalar em Leipzig, na Alemanha, onde a Antonov possui um escritório e uma base operacional (alguns dos aviões An-124 ficam ali baseados). Ele descreveu como uma fuga da diretoria, que teria tomado deliberadamente a decisão de abandonar os aviões para serem destruídos em Kiev.
Dmytro Antonov disse que foi retaliado por esses gestores, mas que sua versão prevaleceu. Como resultado, o governo ucraniano promoveu diversas mudanças na estrutura de gestão da fabricante, em meio à guerra, e teria aberto investigação contra os diretores, alguns dos quais estariam desaparecidos na Europa, já que não retornaram da Alemanha quando chamados pelo governo de Kiev para prestar esclarecimentos.
A volta
Mais recentemente, apesar da guerra e das perdas, Dmytro Antonov parece estar esperançoso de que o seu país vai reconstruir o An-225, como forma de resgatar um orgulho nacional ucraniano. Ele também diz estar envolvido em outras iniciativas que trazer à tona a memória da indústria aeronáutica do seu país, como a restauração do museu da Antonov, já sonhando com uma possível reabertura ao público no futuro.
Após quatro meses sem voar, já que sua última operação foi justamente o último voo do An-225 Mryia, no começo de fevereiro, ele disse estar retornando aos voos, desta vez no “irmão menor”, o An-124 Ruslan.
Ele concluiu o treinamento em simuladores e, nesta semana, partiu por terra até Leipzig, de onde assumiu seu primeiro voo. O destino não foi revelado, possivelmente por motivos de segurança. Segundo ele publicou no vídeo abaixo, nos próximos dias ele estará pilotando voos da rede de fretamentos partindo da cidade alemã.