Piloto ganha R$ 640 mil após demissão sob alegação de que dormiu no manche

Um piloto da companhia aérea britânica Virgin Atlantic, que foi demitido, sob alegação de que “demonstrou desempenho inferior durante o treinamento em simulador” ganhou uma indenização de £ 89.000 (o equivalente a R$ 640 mil) em um tribunal de trabalho.

Segundo reporta o DailyMail, a comandante Mike Lawson alegou que a companhia aérea planejou sua demissão após um voo agitado em que ele foi acusado de adormecer no manche, após dois outros pilotos passarem mal, durante uma operação entre Londres e Hong Kong, em 2015.

O que aconteceu

Várias horas após o voo ter decolado, em setembro de 2015, os outros dois pilotos, que se revezavam com o comandante na longa viagem, tiveram uma dor de estômago que eles acreditavam ter contraído em uma recente viagem a Delhi, na Índia.

Como é padrão em voos longos, um dos pilotos que já passava mal fez uma pausa, deixando o comandante Lawson e o outro primeiro-oficial na cabine de comando. Cerca de uma hora depois, esse outro piloto também teve que se ausentar da cabine porque precisava urgentemente ir ao banheiro. No entanto, ele também precisou de alívio.

A essa altura, o comandante Lawson era o único piloto apto no avião, mas, em vez de desviar a aeronave, ele decidiu seguir em frente para Hong Kong, onde pousou sozinho.

Lawson explicou seu raciocínio, dizendo que os únicos aeródromos alternativos por perto estavam em áreas extremamente isoladas da Rússia, que só deveriam ser usadas em caso de emergência terrível. Ele disse que era altamente experiente em voar na rota para Hong Kong, então decidiu continuar.

Logo após o voo, rumores começaram a circular pela empresa, alegando que o comandante cochilou no manche enquanto estava sozinho e passou do ponto de desvio. Os chefes da empresa decidiram afastá-lo das funções por um período de tempo, a fim de investigar o caso.

Ele voltou, mas

Sem provas contra ele, a companhia aérea o recolocou nos voos. No entanto, meses depois, ele passou por um treinamento em simulador, no qual falhou. Ele relatou no processo que foi a primeira vez que falhou em um teste, e que acredita que os treinadores criaram um cenário em que ele falharia.

Menos de um ano depois, ele foi demitido. Para o comandante, a Virgin Atlantic supostamente o perseguiu por quase dois anos após o voo de Hong Kong e, por isso, ele resolveu entrar com o processo.

A Virgin Atlantic apenas citou que “mantinha preocupações de longa data sobre o desempenho do piloto”, mas não foram vistas as provas apresentadas pela empresa.

Ele ganhou

Embora o piloto tenha processado a Virgin Atlantic por £ 1,7 milhão, o tribunal do trabalho concedeu-lhe pouco mais de 5%. O tribunal do trabalho decidiu que as alegações de mau desempenho feitas contra o comandante Lawson eram infundadas. 

Apesar da vitória, o tribunal decidiu que Lawson não teria o direito de recuperar seu antigo emprego. Ele, por sua vez, disse que, desde sua demissão, tem lutado para encontrar um emprego como piloto e foi forçado a vender suas casas no Reino Unido e na França para sustentar a família.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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