Piloto processa empresa aérea em que trabalha por recusa em lhe dar refeições adequadas à sua dieta

Um piloto da United Airlines que sofre de doença celíaca está processando a companhia aérea por discriminação, alegando que a empresa se recusou a fornecer refeições sem glúten ou a hospedar o piloto em hotéis que oferecessem opções de refeições sem glúten.

O comandante Mark MacKenzie, que se descreve como um “piloto altamente experiente” com 35 anos de “voos sem acidentes ou incidentes”, trabalha na United desde março de 1992. Na queixa de 12 páginas, apresentada em um tribunal do Colorado no início deste mês, MacKenzie afirma que a United Airlines deveria fazer acomodações razoáveis para sua deficiência, fornecendo refeições que não contenham glúten.

Como informa o PYOK, que teve acesso aos autos do processo, o piloto, baseado em Denver, alega que a companhia aérea rotineiramente fornece refeições que ele simplesmente não consegue consumir devido à presença de glúten, e ainda cobra dele pelo serviço.

De acordo com MacKenzie, o consumo de qualquer alimento que contenha glúten resulta em “significativa limitação em várias atividades da vida diária” e pode acarretar “sérias repercussões físicas a longo prazo”.

Ele alega que, enquanto a United fornece refeições para seus pilotos em muitos voos, ao contrário dos clientes normais, a companhia se recusa a permitir que a tripulação com necessidades dietéticas especiais escolha uma refeição adequada, como as opções sem glúten. Embora a United ocasionalmente ofereça refeições “sem glúten”, MacKenzie afirma que essas opções não são realmente sem glúten, e ele não consegue consumi-las.

Como resultado, MacKenzie diz que é forçado a levar sua própria comida porque a United não atende ao seu pedido. O piloto também afirma que a companhia ainda desconta o custo de algumas refeições de seu salário, mesmo que as mesmas sejam desperdiçadas.

Além disso, MacKenzie relata que a United muitas vezes o coloca em hotéis que não oferecem opções de refeições sem glúten e que a companhia ignorou seus pedidos para hospedá-lo em estabelecimentos com cardápios adequados a sua dieta. O comandante MacKenzie informou à United sobre sua condição em 2020 e, desde então, tem enfrentado resistência da companhia no acesso a refeições sem glúten.

Em vez de oferecer refeições adequadas, segundo MacKenzie, a companhia sugeriu que ele consumisse partes selecionadas de refeições normais que, teoricamente, não conteriam glúten. No entanto, ele recusou essa proposta, citando a raridade da correta rotulagem dos alimentos.

MacKenzie está processando a United Airlines com base na Lei dos Americanos com Deficiências (ADA), buscando uma ordem judicial que force a companhia a fornecer refeições sem glúten. A situação destaca a importância de adequações razoáveis para funcionários com condições de saúde específicas e levanta questões sobre a responsabilidade das companhias aéreas em garantir o bem-estar de sua tripulação.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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