Uma ocorrência de forte odor no cockpit de um Airbus A320 poderia ter terminado em um grave acidente, após ambos os pilotos quase perderem a consciência quando a aeronave aproximava-se do aeroporto de destino no último dia 19 de outubro.
Segundo informações do The Aviation Herald, o Airbus A320-200 da British Airways, de matrícula G-GATL, executando o voo de número BA2676 de Londres – Gatwick para Paphos, no Chipre, estava descendo de 8000 pés (2400 metros) para 6000 pés (1800 metros) em direção a Paphos quando o primeiro oficial (co-piloto) notou um odor incomum no cockpit.
Incomodado, perguntou ao comandante se ele também sentia um cheiro parecido com o de bahjis de cebola (uma comida de origem indiana), mas ele respondeu que não.
Cerca de 30 segundos depois, o primeiro oficial sentiu que seus braços e pernas estavam formigando e teve a impressão de que estava prestes a desmaiar. Ele vestiu sua máscara de oxigênio e garantiu que o oxigênio estivesse ajustado em 100%.
Na sequência, ele se virou para o comandante dizendo que não estava se sentindo bem, mas não ouviu resposta. Bastante atordoado, o primeiro oficial reforçou que estava incapacitado, mas ainda não ouviu resposta do comandante.
Depois de alguns segundos, o comandante finalmente reagiu afirmando muito lentamente que também não se sentia bem, e vestiu sua máscara de oxigênio. Ambos os pilotos verificaram que o oxigênio do comandante estava ajustado em 100%.
Durante esse período, várias chamadas do controlador de voo, instruindo-os para descer a 4000 pés, passaram despercebidas.
Prosseguindo com limitações
Os pilotos logo se recuperaram um pouco, no entanto, não conseguiram estabelecer uma comunicação entre si com as máscaras de oxigênio. Eles declararam que acham que o comandante ouvia o primeiro oficial, mas o primeiro oficial não ouvia o comandante.
O comandante era quem estava pilotando a aeronave e começou a apontar para a lista de verificação a ser executada em situações como aquela (fumaça, fogo, vapores). Em seguida, ao longo da aproximação, apontou para as alavancas a serem operadas para baixar os flapes e estender os trens de pouso, enquanto o primeiro oficial continuava a se comunicar com o controlador de voo e ler as listas de verificação.
A aeronave pousou em segurança na pista 29 de Paphos cerca de 13 minutos após o início do problema.
Após o desligamento da aeronave na ponte de desembarque, o comandante foi quase imediatamente ao banheiro verificar se havia algo, enquanto o primeiro oficial verificava com a equipe de comissários se estava tudo certo.
A equipe não havia notado nada diferente, no entanto, uma comissária de bordo ficou chocada ao ver o primeiro oficial estar completamente pálido. Ela afirmou que havia um forte cheiro de combustível saindo do cockpit quando a porta se abriu.
Atendimento médico
O formigamento, a confusão e as dificuldades de concentração continuaram após o pouso, apesar do uso das máscaras de oxigênio. Ambos os pilotos foram para um hospital onde foram diagnosticados com saturação muito baixa de oxigênio no sangue e febre.
Os médicos recomendaram que a tripulação de voo ficasse no hospital durante a noite para o monitoramento, no entanto, os pilotos preferiram ir ao hotel e retornaram a Londres no dia seguinte como passageiros, recusando-se a voar no avião da ocorrência.
A aeronave de ocorrência permaneceu no solo por cerca de 27 horas, depois retornou a Londres Gatwick como voo BA2675 e continuou a operar.