Pilotos de Airbus quase perderam os sentidos após decolarem atrás de jatinho

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Um caso estranho aconteceu na Suíça, quando pilotos espanhóis ficaram parcialmente incapacitados após decolarem atrás de um jatinho, supostamente por causa dos gases emitidos pelo pequeno avião.

Os dois jatos envolvidos na ocorrência © AEROIN e Gerry Stegmeier

As informações foram divulgadas nesta semana pelo BEA – Bureau of Enquiry and Analysis for Civil Aviation Safety, da França, após conclusão da investigação sobre a ocorrência na qual os pilotos tiveram que alternar para a cidade francesa de Marselha.

O relatório descreve que o caso aconteceu em novembro de 2017, em Genebra, na Suíça, quando o jatinho Cessna Citation Excel decolou antes do Airbus A320 de matrícula EC-HQJ, da companhia aérea de baixo-custo Vueling, pertencente ao grupo Iberia (IAG).

Durante a espera para decolagem, o Citation ficou por quatro minutos parado à frente do A320, que decolou um minuto após o jatinho sair da pista.

Quatro minutos após a decolagem, os pilotos comentaram que sentiram um cheio forte de gases, que talvez teriam saído do Cessna que decolara antes. O comandante sentiu forte enjoo e o copiloto reclamou do cheiro forte. Segundo o relatório, eles “experimentaram distúrbios resultando em incapacidade parcial”.

Mais três minutos depois, já no nível de voo 290 (8,8 km de altitude), o comandante chamou as comissárias e perguntou se elas sentiram algum cheio estranho, o que foi negado pelas tripulantes.

Novamente o comandante sentiu náuseas e optou por fazer uso de sua máscara de oxigênio, para respirar um ar mais puro e “limpar os pulmões”. O copiloto foi até o banheiro e deixou a porta da cabine aberta, de maneira que, caso a situação do seu companheiro de cabine piorasse, as comissárias poderiam dar uma assistência mais imediata.

Após voltar do banheiro o copiloto relatou uma leve melhora, algo também relatado pelo comandante. Mas, mesmo assim, os dois decidiram desviar o voo para um aeroporto próximo, em Marselha. Segundo o BEA, “eles solicitaram a supervisão de um tripulante de cabine e utilizaram as máscaras de oxigênio, que lhes permitiram realizar um desvio e pouso sem maiores incidentes”.

Já na França eles receberam tratamento médico, sendo que não foi identificada nenhuma intoxicação pelos profissionais da saúde e nem por exames de sangue posteriores.

A investigação

Aeroporto de Genebra, de onde partiu o A320 – CC by Schutz

Após o voo desviado, uma investigação foi iniciada pela BEA em conjunto com os seus pares suíços e espanhóis. Já que os exames médicos não apontaram nenhuma intoxicação, nem alimentar, provavelmente devido aos pilotos terem respirado ar puro em seguida, a investigação seguiu para a parte técnica das aeronaves.

Uma revisão foi feita para averiguar se o A320 estava com algum vazamento que afetasse o sistema de ar-condicionado, que provém o ar respirável para a cabine dos pilotos. Porém, nada de anormal foi encontrado.

Já no Cessna Citation, operado pela maior companhia de táxi-aéreo do mundo, a NetJets, os documentos de manutenção estavam em dia e nenhuma anomalia foi detectada.

Apesar do amplo espectro de ações realizadas, a investigação não conseguiu identificar factualmente a origem dos sintomas e desconfortos experimentados pela tripulação de voo.

A hipótese de inalação excessiva de monóxido de carbono, contido nos gases de exaustão, proveniente do Cessna Citation localizado em frente ao A320, é compatível com as informações coletadas e pode explicar os sintomas observados (tonturas e náuseas). Compostos de óxidos de nitrogênio e óxidos de enxofre presentes nos gases de escapamento também podem ter contribuído para os odores pungentes e irritantes experimentados.

A única “falha” foi uma ativação do detector de metais no motor do Cessna Citation no mesmo dia do incidente, no motor esquerdo, que pode ter direcionado os gases para o também motor esquerdo do Airbus, que alimenta 60% do ar na cabine dos pilotos, a primeira a receber o ar condicionado e filtrado.

No entanto, o BEA declara que “não pode descartar o envenenamento da tripulação por outra substância”, que não tenha sido analisada por não haver pistas que norteiem outras possíveis fontes de emissão de gases.

Informações do BEA

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Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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