Pilotos de Boeing 787 podem até morrer devido a um mecanismo de segurança do cockpit e FAA exigirá mudanças

Cockpit de Boeing 787-9

A Administração Federal de Aviação (FAA) expressou preocupação com um mecanismo de segurança defeituoso embutido nas portas à prova de balas dos Boeing 787 Dreamliners. Esse defeito pode fazer com que um painel pesado seja projetado em direção à cabeça do comandante em apenas 20 a 50 milissegundos, o que poderia resultar em ferimentos graves ou até mesmo em fatalidades.

Essa revelação surgiu em uma proposta de diretiva de aeronavegabilidade que exigirá que as companhias aéreas limitem o movimento do assento do comandante, de modo que a cabeça do piloto não fique mais na trajetória de movimento do painel.

O painel está integrado à porta do cockpit e foi projetado intencionalmente para se desprender em caso de descompressão súbita na cabine de pilotagem, com o objetivo de equalizar a pressão entre o cockpit e a cabine.

A FAA afirmou que já havia certificado portas de cockpit para incluir esse painel especial, mas concluiu que, em algumas circunstâncias, o painel poderia atingir a cabeça ou o rosto do piloto, causando traumas contundentes severos.

As situações em que esse tipo de acidente poderia ocorrer são extremamente raras e exigiriam que um evento de descompressão no cockpit acontecesse ao mesmo tempo que o comandante (que ocupa o assento da esquerda) estivesse reclinado ao máximo.

Conhecido como “descanso controlado”, muitas companhias aéreas permitem que um piloto durma durante a fase de cruzeiro do voo para prevenir a fadiga, e a capacidade de reclinar totalmente o assento do piloto pode ser crucial para que o comandante consiga descansar adequadamente.

Em resposta à proposta da FAA, algumas companhias aéreas argumentaram que a instalação de um dispositivo mecânico limitador no assento do comandante poderia aumentar a fadiga do piloto, segundo reportou o PYOK.

A British Airways informou à FAA que o risco de fadiga do piloto superava o baixo risco de um evento de descompressão na cabine, enquanto a Air France indicou que poderia precisar escalar todos os voos do Boeing 787 com três pilotos para que pudessem descansar em beliches especiais.

Preocupações semelhantes foram levantadas pela KLM Royal Dutch Airlines, que expressou à FAA sua preocupação de que a segurança do voo poderia ser comprometida, pois os pilotos não conseguiriam realizar um descanso controlado adequado.

A FAA, no entanto, rejeitou essas preocupações, afirmando em uma atualização ainda não publicada que o “risco para a tripulação de voo é inaceitável e que adiar essa ação seria inadequado“.

Assim, a FAA exigirá que todos os operadores de Boeing 787 que voam para/nos Estados Unidos instalem um limitador mecânico no assento do comandante. A FAA estima que, para as companhias aéreas americanas, esse projeto de retrofit custará cerca de US$ 250.000.

As companhias aéreas terão três anos para implementar as mudanças necessárias após a publicação oficial da diretiva de aeronavegabilidade. A British Airways afirmou que as restrições da cadeia de suprimentos justificariam uma extensão da data de conformidade, mas esse pedido também foi rejeitado pela FAA.

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Com uma paixão pelo mundo aeronáutico, especialmente pela aviação militar, atua no ramo da fotografia profissional há 8 anos. Realizou diversos trabalhos para as Forças Armadas e na cobertura de eventos aéreos, contribuindo para a documentação e promoção desse campo.

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