Pilotos inserem dados errados e avião da TAP decola um segundo antes de varar a pista

Um incidente grave envolvendo um avião da TAP Air Portugal está sendo investigado por autoridades portuguesas, no qual um Airbus A330neo decolou no último instante na capital de Angola, devido a um parâmetro errado inserido pelos pilotos. O caso foi registrado em 12 de abril, mas as informações acerca da investigação foram divulgadas recentemente, como menciona o The Aviation Herald.

Na ocasião, o jato de matrícula CS-TUL decolaria de Luanda para Lisboa com 148 passageiros e 10 tripulantes a bordo, cumprindo o serviço regular TP-288. Após receberem instruções do controlador da Torre, os pilotos ingressaram na pista pela intersecção “E” e iniciaram a aceleração para decolagem.

Alguns segundos depois, o comandante observou o fim da pista se aproximando muito antes do esperado. Com uma velocidade 147 nós, o jato ainda não podia decolar. Foi então que o piloto comandou o empuxo total na aeronave, permitindo uma aceleração mais rápida e que o avião saísse do chão a 163 nós, no último segundo antes de varar a pista.

Levantando poeira

Os comissários de bordo relataram aos investigadores que viram, pelas janelas, a poeira sendo levantada na cabeceira da pista, após a aeronave sair do chão. A mesma observação foi confirmada pela torre de controle. Depois disso, a tripulação continuou o voo para Lisboa, sem nenhum outro problema.

Foto: Aeroporto de Luanda – Google Maps

A autoridade portuguesa – GPIAA – informou que a investigação ainda está em curso, mas que foi possível identificar que os pilotos consideraram incorretamente, em seus cálculos para decolagem, que teriam a pista toda para decolar, quando na verdade tiveram que ingressar pela intersecção “E”, já que o restante da pista estava interditado.

Por conta do parâmetro incorreto, eles não colocaram a potência total para a partida, já que, como consideraram que teriam todos os 3.700 metros, uma potência de 85% seria suficiente para atingir a velocidade necessária para sair do chão. No entanto, com 1.000 metros a menos disponíveis, seria impossível elevar os 191 mil quilos da aeronave decolando a partir da intersecção, sem uma potência maior.

O processo investigativo segue. Esse caso resultará em recomendações por parte do regulador português, quando estiver concluído.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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