Pilotos se recusam a voar avião que não apaga gravações da caixa preta

Os voos da Air Malta devem se normalizaram na última na última sexta (27) após uma suspensão da ação da ALPA –  Airline Pilots Association, contra a companhia aérea que alugou um avião que não permitia que as conversas a bordo fossem apagadas.




O caso aconteceu com o Airbus A320 mais novo da companhia, de matrícula 9H-AHS, uma aeronave mais nova que as outras da companhia e voou anteriormente na SriLankan Airlines. E neste mês de abril o lessor da aeronave fechou um contrato de leasing com a Air Malta.

O recebimento de uma nova aeronave é algo normal em qualquer empresa, mas que por um simples botão fez toda a diferença na Air Malta: os pilotos descobriram 22 minutos antes do primeiro voo da aeronave na companhia que o botão que permitia apagar a gravação de voz da caixa-preta não estava instalado.

O botão RCDR CVR Erase está instalado em maioria dos Airbus A320 fabricados, mas não no 9H-AHS. Este botão só pode ser utilizado quando a aeronave estiver em solo e com o freio de estacionamento acionado. Quando apertado por dois segundos, ele deleta toda a informação de áuio do Cockpit Voice Recorder – CVR – que forma a caixa preta juntamente com o Flight Data Recorder (FDR) que grava os parâmetros do voo.

Este botão é uma medida dos pilotos evitarem que as gravações na cabine sejam usadas de maneira criminal durante uma investigação (o que é expressamente proibido), para proteção de privacidade ou contra uma ação punitiva da empresa por alguma conversa na cabine. Vale lembrar que caso o botão seja acionado, é registrado este ato no FDR.

O voo KM646 iria decolar de Malta para Catânia na Itália, mas atrasou nove horas devido a recusa dos pilotos em voarem naquela aeronave, afetando 160 passageiros. Os pilotos avisaram a associação internacional da categoria que moveu uma ação contra a Air Malta.

“A Convenção Coletiva diz claramente que deve se permitir os pilotos deletarem as gravações ao fim de cada voo se algum incidente ou acidente não for reportado” disseram fontes da ALPA ao jornal MaltaToday. Já a Air Malta confirmou que este botão não está presente na nova aeronave mas “não compromete a política de privacidade dos pilotos, apesar da ALPA ver isto como um descumprimento da Convenção Coletiva.”

A companhia ainda alega que a ação foi desproporcional e que os custos iniciais do atraso do voo foram mais de €180.000 euros, algo em torno de R$756 mil reais de taxas e compensações com passageiros. A Air Malta também acusa que a associação acabou com planos de viagem de diversos malteses e turistas que iriam viajar no final de semana.

Com informações do jornal MaltaToday

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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