Pilotos são impedidos de sair do avião após fazerem desvio de emergência em Hong Kong

Foto: Air New Zealand

Os pilotos de um Boeing 787 da empresa aérea neo-zelandesa Air New Zealand foram forçados a desviar a rota ligando Christchurch a Guangzhou, após uma emergência envolvendo uma trinca no pára-brisa da cabine. No entanto, ao pousarem em Hong Kong, o aeroporto mais próximo, os tripulantes se viram presos por horas sem poder sair do avião, tudo por conta das regras da pandemia no local.

Segundo relata o South China Morning Post, o jato estava sendo operado apenas como um serviço de carga, carregado com produtos perecíveis frescos da Nova Zelândia, como cerejas e frutos do mar, para as próximas celebrações do Ano Novo Lunar.

Em certo momento da última quinta-feira (27), durante o voo de cruzeiro, e por um motivo ainda a ser investigado, um dos vidros da cabine trincou, obrigando o voo NZ-1082 a alternar para o aeroporto mais próximo, que era o Chek Lap Kok, em Hong Kong.

Imagem: RadarBox

O pouso ocorreu normalmente e a aeronave foi estacionada numa área remota do pátio. Nesse momento, os tripulantes foram informados que não poderiam desembarcar, pois não cumpriam com todos os requisitos de entrada na cidade, já que o voo não estava agendado e as autoridades de Hong Kong não aceitaram testes rápidos de antígenos.

Indignado, o presidente da Associação de Pilotos de Linha Aérea da Nova Zelândia comentou que “as autoridades de Hong Kong se recusaram a analisar os documentos da tripulação porque o voo não estava previsto, o que os deixou na posição de permanecer na aeronave até que uma oportunidade de extração adequada fosse apresentada”.

“É preocupante que a tripulação não tenha conseguido descansar em Hong Kong após um trabalho já árduo de 12 horas. Eles não conseguiram entrar no país. Os pilotos da Air New Zealand são testados regularmente para COVID-19 e não houve casos relatados de infecção entre a força de trabalho dos pilotos durante toda a pandemia”, seguiu a nota.

Sob duras medidas de controle da pandemia, todos os passageiros que chegam por via aérea em Hong Kong devem ter testado negativo para COVID-19 dentro de 48 horas antes da partida. Não há exceções para desvios de emergência, embora a tripulação aérea deva fazer um teste adicional assim que entrar no terminal do aeroporto.

Por fim, após muitas horas e já com um teste PCR, os tripulantes conseguiram entrar na cidade.

O avião ficou no solo de Hong Kong por dois dias, até que um pára-brisa de substituição chegasse de Cingapura. As 24 toneladas de carga foram levadas para Guangzhou com a ajuda de uma companhia aérea parceira.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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