Plataforma de rastreamento de voos ADS-B Exchange é vendida e usuários se revoltam

A JetNet, uma das maiores fornecedoras de dados de aviação executiva do mundo, anunciou recentemente a aquisição do ADS-B Exchange (ou “ADS-B X”), uma das maiores redes mundiais de rastreamento de voos, alimentados por receptores de dados ADS-B de aviões.

Com a aquisição, a JetNet informou que pretende expandir suas soluções de dados de voo com informações em tempo real, mas isso não pegou muito bem entre os usuários que enviam dados para a ferramenta e que acreditam na perda da essência da ferramenta. Muitos resolveram desconectar seus feeds de dados.

O que o ADS-B X tem de especial

O ADS-B Exchange, fundado em 2016 por Dan Streufert, tem sido amplamente usado por profissionais aeroespaciais e de defesa, operadores de aeroportos, instalações de reparo, pesquisadores e serviços financeiros que usam a aviação como ferramenta.

Um dos maiores diferenciais da plataforma de Streufert é o fato de usar dados não-filtrados e de ter nascido como uma rede colaborativa, por pessoas que compartilhavam um mesmo hobby.

Atualmente, o ADS-B X permite que sejam rastreados praticamente todos os tipos de aeronaves, incluindo aquelas que estão bloqueadas nas outras plataformas, como Radarbox e FlightRadar24. Os bloqueios acontecem a pedido dos donos das aeronaves e cabe à plataforma acatar ou não.

Até aqui o ADS-B X adotou uma política de não bloquear nenhuma aeronave. Para dar exemplos disso, o Air Force One pode ser monitorado na plataforma; do mesmo modo, jatinhos de oligarcas russos, governos e de bilionários de todo o mundo pode ser vistos. Sobre isso, o regulador da aviação dos EUA, a FAA, já disse que o monitoramento é legal.

Usuários se revoltam

Nesse negócio, o ponto que revoltou os feeders foi o fato da plataforma ter nascido como um ambiente de colaboração e agora estar sendo vendida a uma empresa privada com fins lucrativos. Outro ponto de dúvida é se essa política de não-filtragem de voos vai permanecer.

Os usuários, pelo visto, não quiseram dar o benefício da dúvida e começaram a desconectar seus feeds de dados da plataforma. Uma análise da quantidade de fontes de dados da ferramenta, comparando o antes e depois do anúncio da aquisição, mostra uma queda na quantidade de pessoas enviando informações, presente no gráfico mais acima. No Twitter, uma campanha foi iniciada, incentivando os usuários a pararem de enviar dados.

O mecanismo de funcionamento destas ferramentas é simples. Usuários de todo o mundo, que detêm antenas receptoras e decodificadores, enviam dados através da internet para mostrar em tempo real as aeronaves voando em sua área de monitoramento. A plataforma, que é dona da tecnologia de rastreamento, consolida os dados enviados de todo o mundo e mostra na forma gráfica de um mapa.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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