A Força Aérea Americana (USAF) pode ter outra aeronave centenária em operação na sua frota neste século, além do bombardeiro B-52 Stratofortress.
Fabricado entre 1955 e 1965, o KC-135 Stratotanker é uma aeronave militar de reabastecimento em voo derivada do projeto 367-80 da Boeing, que também deu origem ao jato comercial 707.
No total, 803 unidades foram construídas nos 10 anos em que a linha de montagem do Stratotanker ficou aberta em Seattle, no estado de Washington. Várias variantes e versões modernizadas surgiram, e hoje o KC-135 continua sendo a espinha dorsal do reabastecimento aéreo não apenas dos EUA, mas de toda a OTAN.
O plano inicial é que a aeronave se aposente em 2050, completando quase 100 anos de operações ininterruptas, mas isso pode ser postergado. Enquanto isso, o mais novo e maior KC-10 Extender (versão de reabastecimento do jato comercial Douglas DC-10) já foi aposentado e está sendo substituído pelo KC-46A, que é uma versão modificada do Boeing 767-200ER para abastecer aeronaves militares em voo.
A concorrência para substituir o KC-135 já está em curso, novamente com a Boeing oferecendo o KC-46 e a Airbus, o A330MRTT, mas ainda sem previsão de ser finalizada.
A grande questão é que, como o KC-10 ainda não foi completamente substituído pelo KC-46, existe hoje um “gap” operacional que está deixando a USAF, de certa maneira, sem a capacidade ideal de aeronaves de reabastecimento. Isso é causado pela própria Boeing, que teve inúmeros problemas com o KC-46, mesmo sendo um projeto relativamente antigo e amadurecido, e que já estava em operação na Itália e no Japão antes de ser escolhido nos EUA.
Com isso, mesmo que a Airbus ganhe a licitação e cumpra todos os prazos com o A330MRTT, a USAF precisará manter os KC-135 por mais tempo para evitar uma grande lacuna pela ausência do KC-10.
Uma afirmação nesse sentido foi dada pelo General John Lamontagne, comandante do Comando de Mobilidade Aérea (AMC) da USAF, responsável por toda a logística aérea militar americana, que envolve tanto cargueiros, como o C-5 e o C-17, quanto os aviões de reabastecimento em voo.
“Talvez precisemos considerar uma extensão da vida útil do KC-135. Eu acho que é para onde estamos indo“, afirmou o oficial ao Defense One. Se isso será levado adiante depende muito da licitação para substituição do KC-135 e de a Boeing conseguir consertar os problemas do KC-46 sem provocar mais atrasos.
