Por que estes aviões ‘esquisitos’ estão voando em círculos sobre a Polônia durante todo o dia

Nos últimos dias, várias pessoas têm relatado aviões “estranhos” e com nomes “esquisitos” sobrevoando a Polônia e Romênia nos últimos dias. Entenda o por quê.

A movimentação citada na introdução desta publicação pode ser facilmente percebida ao longo do dia por quem monitora plataformas de rastreamento de voos, como RadarBox, FlightRadar24 ou ADS-B Exchange. Estes “radares online” usam estações em terra para captar sinais de transponders ADS-B instalados nas aeronaves, que mesmo sendo militares podem voar com eles ativados.

Um dos aviões mais ativos é o Boeing E-8C Joint STARS, sendo esse o acrônimo de Sistema de Vigilância e Radar de Ataque. Este avião é um Boeing 707 que saiu da vida comercial e se tornou uma plataforma conjunta de comando, controle, inteligência, vigilância e reconhecimento.

O avião consegue tirar fotos, monitorar atividade inimiga, repassar informações e tem a bordo pessoal suficiente para comunicações. Nas plataformas, ele aparece com o indicativo de chamada “REDEYE”, que significa olhos vermelhos (uma referência a uma pessoa que não dorme).

Uma outra aeronave, muito parecida com o E-8C, mas que é baseada no Boeing 367-80 (que não é um 707, por mais que pareça), é o RC-135W. Ele também tem uma “deformação” na parte frontal, que são sensores de vigilância. Esse avião também tem motores maiores e mais modernos, do modelo CFM-56. Este avião tem usado o indicativo de chamada “JAKE”, já os RC-135U, de geração anterior, têm usado o nome “HOMER”.

Ainda na família 707/367 da Boeing, existe o E-6B Mercury, que é um posto de comando móvel e onde fica o pessoal do alto escalão, comandando e organizando os outros aviões. Este tem usado o nome “TONUS”, palavra latina que significa “condição natural de flexibilidade e de firmeza de um tecido ou órgão”, no caso uma referência indireta aos “músculos” da força militar.

Por fim, e não menos importante, está o E-3 AWACS, este é o mais “normal” dos aviões listados aqui (existem outros, inclusive drones remotamente tripulados, como o AEROIN falou anteriormente, mas o foco desta publicação está nos mais exóticos e de maior porte).

O E-3 conta com um grande radar em cima de sua fuselagem e consegue captar qualquer aeronave num grande raio, podendo cobrir, facilmente, toda Polônia, Romênia e até a Ucrânia, a depender da sua posição. Este avião, ao contrário dos outros, não tem sido operado pelos EUA na região, mas sim pela própria OTAN, com tripulação de vários países.

Uma corrente de proteção

O motivo destes mais variados tipos de aeronaves estarem presentes naquele local, e sempre acompanhadas de vários aviões reabastecedores voando em círculos é, obviamente, a Guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Inicialmente, fica claro que a intenção de tais sobrevoos é passar informações precisas para o governo dos EUA e à OTAN, mas as áreas de sobrevoo sempre estão próximas também de Rzeszów, na Polônia.

A proteção dessa cidade é essencial para a missão dos EUA e OTAN em seu apoio humanitário e bélico à Ucrânia. Por estar perto da fronteira polonesa-ucraniana, Rzeszów se tornou o principal ponto de chegada de ajuda estrangeira. A tropa de aviões-espiões cuida dali com cuidado, para garantir que nenhum invasor se aproxime.

O motivo das aeronaves serem visíveis ao público, também é segurança: ao mostrarem ao mundo todo onde estão, os aliados produzem uma prova praticamente irrefutável de que não estão violando o espaço aéreo de terceiros.

A presença no radar também é uma forma de intimidar e mostrar a agressores e inimigos que há alguém observando atentamente aos movimentos. Acompanhando estas aeronaves também estão caças Eurofighter, F-35 e F-16, dentre outros, que chegam até aparecer nos aplicativos, mas de maneira bem mais ocasional.