Por que estes dois A350 têm diferenças se eles são do exato mesmo modelo?

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Imagem: Virgin Atlantic

Quando a primeira versão do Airbus A350 entrou em serviço em 2015, ele já estava em desenvolvimento há 11 anos. Ele foi projetado por mentes brilhantes e pelos mais sofisticados programas de computador, tudo respaldado por um detalhado programa de testes e certificação. O resultado foi uma aeronave confiável, confortável e segura.

Mesmo assim, depois de tudo concluído e os aviões voando mundo afora, nunca há um final no aprendizado sobre cada uma dessas máquinas extraordinárias. À medida que as empresas aéreas voam uma aeronave, mais e novas tecnologias surgem ou amadurecem, e novas oportunidades para melhorar a projeto vêm à tona.

Essas melhorias podem vir de várias fontes, como, por exemplo, o feedback do cliente ou o resultado do monitoramento telemétrico que acompanha cada aeronave ao redor do mundo a cada segundo do dia. Elas podem ser qualquer coisa, desde pequenos ajustes até grandes modificações. Até o Boeing 747, um design que remonta à década de 1960, ainda está sendo refinado, modificado e atualizado constantemente.

Como consequência, se você olhar de perto, por exemplo, para as quatro primeiras aeronaves Airbus A350-1000 que foram recebidas pela companhia aérea inglesa Virgin Atlantic, de matrículas G-VLUX, G-VPOP, G-VPRD e G-VJAM, poderá ver essa evolução em detalhes sutis, mas muito importantes. Acompanhe a seguir alguns deles.

Luzes de pouso

Imagem: Virgin Atlantic

As luzes de pouso da aeronave garantem que os pilotos possam ver e seus aviões serem vistos por outros pilotos. Na estrutura do trem de pouso de nariz do A350, por exemplo, há três grupos de luzes de diferentes funções.

As taxi lights, ou luzes do táxi (deslocamento de solo), normalmente são acesas quando todo o pessoal de solo se afasta da aeronave e esta recebe permissão para começar a taxiar. Isso permite que os pilotos vejam as marcações das vias de taxiamento à frente da aeronave.

Mais abaixo delas estão as take-off lights, ou luzes de decolagem. Eles serão ativados assim que a aeronave estiver na pista e receber permissão para decolar. O objetivo é ajudar o piloto a ver a pista e alertar a todos no solo que a aeronave está em sua rolagem de decolagem.

As luzes de decolagem apagam-se automaticamente à medida que o trem de pouso é recolhido. Os pilotos, então, voltarão os interruptores destas luzes para a posição “desligado” como parte de sua lista de verificação de partida (As grandes luzes embutidas no bordo de ataque das asas vão permanecer ligadas enquanto a aeronave estiver abaixo de 10.000 pés para ajudar a visualização por outras aeronaves).

Também como parte do conjunto de take-off light estão as luzes de saída de pista. Eles apontam para um ângulo afastado lateralmente da direção da aeronave para ajudar a ver o percurso ao virar a aeronave.

E nestes conjuntos todos de luzes acima descritos, está uma das modificações implantadas pela Airbus no seu mais moderno modelo de avião.

Na imagem que você viu acima, na metade esquerda, você pode ver o A350 de matrícula G-VLUX, também conhecido como Red Velvet, o primeiro A350 da Virign. Note que ele foi equipado com lâmpadas tradicionais, do tipo bulbo, instaladas em aeronaves por décadas. O G-VPOP, a segunda aeronave da frota, também saiu da fábrica com essa característica.

Já na metade da direita está o G-VJAM, que, assim como o G-VPRD, tem as novas luzes planas de LED instaladas. Esta é a evolução do Airbus A350 em ação. A tecnologia LED melhorou desde a certificação original da aeronave – as novas luzes LED são mais frias, mais leves e mais confiáveis, e mesmo assim produzem a mesma quantidade de luz. Com isso, uma recertificação foi necessária para adaptá-las. Depois de aprovadas, as novas luzes LED passaram a ser instaladas como padrão.

Sensores

Imagem: Virgin Atlantic

Esta característica é um pouco mais técnica. Se você olhar atentamente ao redor do nariz da aeronave, poderá ver uma série de sensores, ou sondas. Eles fazem parte do Air Data and Inertial Reference System, ou seja, alimentam os pilotos com parâmetros de voo, como o ângulo em que a aeronave está voando em relação ao fluxo de ar, a temperatura externa, a pressão barométrica e a pressão estática.

Quando o A350 entrou em serviço, a Airbus ainda queria reunir mais informações para comparar os dados entre os diferentes sistemas que ajudam os pilotos a voar, principalmente quando fazem aproximações com ventos laterais. Para fazer isso, alguns jatos iniciais tinham sondas extras, adicionadas para verificar os dados de outros instrumentos, como também aconteceu com os dois primeiros da Virgin.

Na imagem que você viu acima, você pode notar essas três sondas na aeronave da direita, logo acima do nariz e abaixo dos para-brisas de ‘Máscara do Zorro’. Depois de algum tempo, tendo já reunido informações de deslizamento lateral da aeronave suficientes para estabelecer que os sensores não são mais necessários, eles foram removidos em todos os novos A350, como a aeronave da esquerda da imagem.

Eles também foram depois retirados das duas primeiras aeronaves da Virgin, o que resulta em economia de peso e de custos de manutenção.

Telas sensíveis ao toque

Embora as modificações acima descritas sejam as que você pode ver, muitas outras melhorias estão acontecendo fora de vista. Os A350 mais novos já contam com a mais recente inovação da Airbus na cabine de comando. Das seis grandes telas do cockpit do modelo, três passaram a ter capacidade de toque: as duas telas mais externas e a tela central inferior.

Esta nova capacidade de toque está disponível quando os pilotos estão usando seus aplicativos Electronic Flight Bag (EFB), que ajudam as tripulações de voo a executar tarefas de gerenciamento de voo. As telas sensíveis ao toque representam um novo método de entrada, que complementa o teclado físico existente integrado à mesa retrátil na frente de cada piloto e também a “unidade de controle teclado-cursor” (KCCU), ou seja, o teclado e trackball localizados no console central.

A mudança gera maior eficiência operacional, maior interação da tripulação, simetria da cabine entre piloto e copiloto e gerenciamento de informações mais suave.

Veja a seguir um pequeno vídeo da Airbus em que é possível ver com mais detalhes as seis grandes telas no cockpit e a nova tecnologia de toque.

Informações da Virgin Atlantic

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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