Por que os helicópteros americanos Pave Hawk não vieram voando para o Brasil?

No final do mês passado, os helicópteros Pave Hawk americanos chegaram em Campo Grande a bordo de jatos Boeing C-17 da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Por conta desse transporte, uma pergunta acabou surgindo: eles não poderiam ter vindo voando?

Esta pergunta nos foi feita por leitores também em outras ocasiões como, por exemplo, quando um grande avião Antonov An-124 Ruslan trouxe os novos helicópteros da Polícia Rodoviária Federal ao Brasil. Naturalmente, helicópteros foram feitos para voar e tanto os HH-60G Pave Hawk, quanto os Leonardo AW119 da PRF são aeronaves de médio/grande porte para sua classe, podendo voar por horas sem reabastecimento – sendo que o Pave Hawk consegue ser reabastecido em voo.

No entanto, geralmente essas aeronaves não fazem essas longas viagens por meios próprios por conta dos custos envolvidos. Helicópteros têm um custo maior por hora de voo do que um avião, já que seu rotor exerce, ao mesmo tempo, os papéis de gerar sustentação e empuxo, enquanto no avião esse é trabalho conjunto das asas fixas e dos motores, respectivamente.

Agora, consideremos os dados do próprio Departamento de Defesa dos EUA, que mostram que os Pave Hawks têm um custo de hora de voo 45% menor do que um C-17 Globemaster, mesmo o jato da Boeing levando 10x mais soldados ou 77x mais carga. Em 2019, o custo da hora de voo do HH-60G Pave Hawk estava cotado em $8,415 dólares (R$45 mil) e o do C-17 em $15,352 (R$83mil).

A distância entre Nova Iorque (onde os helicópteros são baseados) e Campo Grande (onde a missão foi realizada) é de 7 mil km. Sem escalas, os helicópteros cumpririam a rota em exatas 24 horas, sem considerar vento e planejando um voo em linha reta.

No mesmo trajeto o C-17 gastou apenas 8 horas.

Dito isso, o custo ficaria de $201 mil para o voo dos helicópteros contra $122 mil do C-17, isso sem contar os custos das paradas para reabastecimento (ou o custo de deslocar aviões para reabastecimento em voo), além do desgaste maior da tripulação, que também precisaria de descanso, também aumentando o tempo do deslocamento.

Pela sua grande capacidade em volume e o custo “baixo” de hora de voo, o C-17 e aviões similares de transporte tático, mostram como é vital ter uma ferramenta deste porte à pronta disposição, não apenas dando agilidade à missão, mas também trazendo economia.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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