Você sabe por que o Rio de Janeiro foi o 1º destino do supersônico Concorde?

O avião supersônico anglo-francês Concorde fez seus primeiros voos comerciais em 1976 na data de ontem, 21 de janeiro, sete anos após seu primeiro voo de teste. Mas você sabe por que entre os dois destinos da estreia estava o Rio de Janeiro? Confira a seguir a história desse singular avião de passageiros.

Avião Concorde Air France
Concorde da Air France – Imagem: Eduard Marmet [CC]

Era 21 de janeiro de 1976 quando dois voos decolaram exatamente no mesmo horário, às 11h40. Eles levavam os primeiros passageiros comerciais a viajarem mais rápido que a velocidade do som. Um Concorde da British Airways decolou de Londres para o Bahrein, enquanto um da Air France deixou Paris a caminho do Rio de Janeiro, com escala em Dakar, no Senegal.

Mas a história do Concorde havia começado muitos anos antes, como parte da corrida tecnológica da Guerra Fria entre as nações ocidentais e a União Soviética (URSS).

Disputa da supremacia supersônica

Avião Concorde British Airways

Em 1962, os governos da Grã-Bretanha e da França assinaram um acordo para produzir em conjunto uma aeronave supersônica. Após 14 anos de desenvolvimento, os voos comerciais inaugurais da Concorde em 1976 foram o ponto culminante final deste contrato.

Grã-Bretanha e França haviam enfrentado concorrência dos EUA e da URSS, ambos tentando criar seus próprios aviões supersônicos.

De fato, os soviéticos – trabalhando em parte com os detalhes roubados do projeto anglo-francês – foram os primeiros a ter uma aeronave supersônica (Tu-144 apelidada de Concordski) voando em dezembro de 1968, embora não bem sucedida, enquanto os norte-americanos não levaram adiante o Boeing 2707.

Avião Boeing 2707
Projeto interno do Boeing 2707 – Imagem: Aerospace Project Review

Em março de 1969, foi a vez do Concorde fazer seu primeiro voo de teste de 27 minutos, em um sucesso retumbante. Tanto que, nos dias inebriantes após 2 de março daquele ano, muitas companhias aéreas ao redor do mundo manifestaram interesse nas novas aeronaves inovadoras.

Mas não é só a velocidade que conta

Durante o intervalo entre o primeiro voo de teste e a continuidade do desenvolvimento comercial do Concorde, esse interesse diminuiu gradualmente.

Preocupações com os booms sônicos produzidos pelo Concorde e com os custos operacionais deixaram a British Airways (então administrada pelo governo) e a Air France (estatal) como as únicas duas companhias aéreas que já operaram jatos Concorde na história.

Avião Concorde British Airways
Concorde da British Airways

Apesar de as eventuais rotas transatlânticas de Londres e de Paris até Nova York terem se tornado icônicas, no início o avião foi proibido de voar sobre o território dos EUA. Foi por isso que as rotas realizadas em 21 de janeiro de 1976 foram de Londres para o Bahrain e de Paris para o Rio de Janeiro.

Somente em torno do final de 1976 é que os primeiros voos de passageiro do Concorde receberam permissão para pousar no aeroporto de Dulles, em Washington. Nova York ainda esperou até 1977, quando as primeiras operações começaram em novembro.

A era das viagens supersônicas do Concorde durou quase 30 anos. O icônico ‘Speedbird’ – como são chamados os voos da British na fonia aeronáutica – fez seu voo final em 24 de outubro de 2003. O número cada vez menor de passageiros, os custos crescentes e o acidente fatal de 2000 selaram o destino da aeronave inovadora.

Você sabia que o Concorde também já pousou no aeroporto da tradicional praia de St. Maarten e operava regularmente na incrível aproximação em curva de Kai Tak? Confira nas duas matérias a seguir:

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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