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Por que os Boeings 777 da LATAM rumo à China têm parado no Nordeste?

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A LATAM Brasil tem voado frequentemente para a China trazendo carga médica e, até agora, já foram 15 viagens de ida e volta. Mas, mesmo com capacidade de voar direto para a Europa, já que a operação conta com uma escala em Amsterdã, vários dos Boeings 777 têm parado no Nordeste, veja o porquê.

Avião Boeing 777-300ER LATAM

Este questionamento sobre as paradas nos foi enviado por vários leitores, que têm acompanhado os aviões através de aplicativos de rastreamento de voos, como o FlightRadar24.

Um dos exemplos que eles nos apontaram foi o voo mais recente, do Boeing 777-300ER de matrícula PT-MUI, que faz nesse final de semana a 16ª viagem da LATAM para a China, sempre com o objetivo de trazer toneladas de equipamentos médicos.

Na tarde de ontem, a aeronave pousou em Fortaleza, após voar do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, completamente vazia. Na semana passada, houve uma parada em Recife.

O 777-300ER é atualmente o maior bimotor do mundo em operação, com um alcance mais do que suficiente para ir de São Paulo a Moscou, sem paradas, mesmo carregado com passageiros e carga.

Então, porque o grande Boeing, vazio, faz parada no Nordeste sendo que tem alcance de sobra para o voo até Amsterdã, e que o tempo de voo está tranquilamente dentro dos limites de jornada de trabalho de pilotos da legislação brasileira?

O 777-300ER voando de Recife a Amsterdã – Imagem: FlightRadar24

Sem Jumbo e sem fruta

O motivo pelo qual o avião tem voado à China é claro e está associado à pandemia que impactou negativamente o mundo todo, e o Nordeste não tem passado imune.

Com toda a crise, vêm junto reprogramações e cancelamentos de voos de passageiros, mas nenhuma crise anterior bateu tão forte na aviação como essa, sobretudo com o fechamento das fronteiras mundialmente. E, apesar de não muito notado, o transporte de carga aérea é, na maioria das vezes, feito nos porões de carga das aeronaves de passageiros.

Com tão poucos voos de passageiros, uma grande parte da demanda de carga ficou sem ser atendida, já que os aviões puramente cargueiros não estavam dando conta. E essa situação piorou quando a pandemia chegou aos países da Europa e Américas, que não têm capacidade instalada para produzir tantos equipamentos médicos na mesma velocidade que o vírus se espalhava.

Com isso, os aviões cargueiros, que já estavam com uma demanda extra, começaram a ser disputados para levar estas cargas essenciais médicas.

E é aí que entra a parada no Nordeste. O Vale do São Francisco é um dos maiores produtos de frutas do país, principalmente de Manga e Uva, destinadas ao mercado exterior.

Antes da pandemia, a produção era escoada, principalmente, através de voos cargueiros saindo do Aeroporto Internacional de Petrolina, que recebia semanalmente (e até três vezes por semana, dependendo da safra) um Boeing 747-400 ou 747-8F da Cargolux, que levava as frutas frescas para a Europa. Além disso, a produção também era escoada para outros aeroportos pelo porão das aeronaves de passageiros da Azul e da GOL, que operavam diariamente no aeroporto.

Agora, com apenas a Azul voando para Petrolina e com apenas um voo para Recife, operado com o Embraer E195-E1 (Cargolux e GOL suspenderam temporariamente a operação no aeroporto), criou-se uma demanda reprimida enorme, que vem prejudicando a exportação das frutas.

Então, a saída foi utilizar os Aeroportos de Fortaleza e Recife, aproveitando os aviões vazios da LATAM que iriam para a China via Europa, como é o caso do 777-300ER. Com seu alto potencial de carga, o triplo-sete garante uma boa parte desse abastecimento essencial para a Europa, na medida em que assegura as exportações, tão importante também para o Brasil nesse momento.

Assim sendo, os Boeings param no Nordeste, são carregados com toneladas de frutas e, eventualmente, de outras cargas, e seguem para Amsterdã, que, historicamente, é um entreposto comercial europeu, responsável por escoar aos demais países da região.

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