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Por que estes dois aviões, do mesmo modelo, decolaram juntos mas chegaram separados?

A reabertura dos EUA tem trazido alívio para as companhias aéreas e os viajantes, que celebraram, no Reino Unido, com uma decolagem simultânea, mas com um pouso bastante separado. O vídeo abaixo mostra exatamente o momento dessa decolagem histórica. No entanto, uma curiosidade é que, apesar de terem decolado exatamente ao mesmo tempo, os aviões chegaram separados.

Como mostramos aqui mais cedo, os dois jatos Airbus A350-1000 da British Airways e Virgin Atlantic fizeram uma decolagem simultânea do Aeroporto Heathrow, em Londres, de onde seguiram para o Aeroporto JFK, em Nova Iorque, cumprindo respectivamente os voos BA-1 e VS-3.

Apesar de concorrentes, as empresas têm uma relação amigável e decidiram celebrar juntas a reabertura da fronteira dos EUA para turistas vacinados, de maneira a promover a vacinação e as viagens internacionais.

Chegada dos aviões com o Virgin an frente – FlightRadar24

A diferença da decolagem é praticamente imperceptível, mas o Virgin saiu na frente por alguns segundos de diferença, talvez por estar com menos passageiros. No entanto, esta diferença aumentou durante a “corrida” até o JFK, e o jato da empresa de richard Branson chegou 10 minutos antes na linha de chegada.

Muitos leitores nos perguntaram o por quê desta diferença tão grande, já que os jatos saíram juntos e poderiam voar bem próximo um do outro com segurança. A resposta para tal questão é interessante.

Ao se comparar a rota das aeronaves, é claramente visível que o Virgin pegou um “atalho”, que é na verdade uma rota mais curta. O motivo por trás disso está acima de qualquer decisão das empresas aéreas e são as chamadas NAT.

A sigla significa North Atlantic Tracks, ou na tradução literal, Trilhos do Atlântico Norte, que são rotas pré-definidas onde os aviões devem passar na travessia do oceano. Mas não são simples aerovias. As NAT, ao contrário das aerovias não são “rígidas”, e sim variáveis. Apesar de não mudarem o ponto de entrada e saída, elas variam a amplitude, traçado, sentido e horário de utilização.

© FlightServiceBureau

Tudo isso serve para coordenar a travessia do Atlântico Norte, que não tem uma cobertura radar eficiente, e que sempre tem um tráfego imenso, sendo difícil coordenar “de perto” como em uma aerovia comum.

Todos os dias pela manhã são definidas as NAT que serão utilizadas no dia, considerando tráfego esperado, ventos, eventos meteorológicos e aviões que irão passar ali. Acima, está um exemplo de uma NAT, mostrando numa cor as aerovias num sentido e na outra cor no sentido oposto.

No caso de hoje, o voo da British, que entrou praticamente junto do da Virgin na área das NATs, pegou um “trilho” mais ao norte, que aumenta um pouco a distância viajada, a fim de manter a separação do voo das outras aeronaves:

FlightRadar24

É possível ver também que outros aviões do mesmo modelo, também pegam rotas diferentes. É necessário que a passagem no ponto de entrada de cada NAT seja coordenada e feita no tempo exato, a fim de manter uma velocidade constante no trajeto e uma separação mínima de 10 minutos entre um voo e outro no mesmo “trilho”. Este vídeo da KLM exemplifica bem o uso destas rodovias aéreas:

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