Entenda por que a Lufthansa não parou de voar para o Brasil durante a pandemia

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Lufthansa
Boeing 747-8i da Lufthansa

A Lufthansa foi uma das poucas companhias estrangeiras a não suspender voos para o Brasil, mesmo durante os piores dias do coronavírus no mundo. Inclusive, a empresa jamais tirou o grande Jumbo Boeing 747 da rota, o qual é a maior aeronave a operar em São Paulo depois do Airbus A380 da Emirates.

Até destacamos aqui o dia em que três dos Jumbos da empresa alemã estiveram em solo no Aeroporto de Guarulhos ao mesmo tempo, um marco.

Vamos ao foco

A Alemanha, assim como toda a União Europeia, restringiu e muito a entrada de brasileiros no país, limitando apenas a quem já reside lá ou que possui dupla cidadania. Mesmo assim, o voo São Paulo (GRU) – Frankfurt (FRA) continuou sendo feito.

Dias atrás, perguntamos para a Diretora Geral da Lufthansa no Brasil, Annette Taueber, sobre o perfil do passageiro que faz esta rota em plena pandemia, ao que ela nos comentou: “Neste momento são mais passageiros com dupla cidadania que estão viajando na rota GRU-FRA – a maioria fazendo conexão dentro da Europa, destacando-se destinos finais na Itália, Suíça, Portugal, França e Reino Unido. Porém, este perfil é muito volátil, percebemos imediata resposta quando houve a abertura de países no leste europeu, Oriente Médio e especialmente na Ásia”, afirmou a executiva.

Conexões e conexões

A Lufthansa opera desde 2015 com o Boeing 747-8i na rota, levando até 364 passageiros. Segundo dados do Anna.aero e da consultoria OAG, a média da ocupação desta rota é de 88%. No entanto, apenas 11% destes passageiros são locais, ou seja, de São Paulo e com destino final Frankfurt, o que é chamado em inglês de O&D (Origin & Destination).

O restante dos passageiros faz algum tipo de conexão, seja para vir a São Paulo, seja depois de pousar em Frankfurt, sendo o voo da Lufthansa apenas a “perna” do meio.

Para se ter uma ideia, com 233 mil pessoas transportadas na rota em 2019, apenas 13 mil eram O&D (ou seja, saiam de fato de São Paulo tendo Frankfurt como destino final, ou vice-versa). Do restante, 26 mil fizeram alguma escala pra chegar até Guarulhos, 59 mil para chegar/partir de Frankfurt e os 135 mil restantes com dupla conexão.

Arigatô

© OAG

E isso tem múltiplas explicações, sendo que algumas delas estão no quadro acima, com destaque para o Japão. Os dois países estão distantes geograficamente, mas têm uma relação muito próxima, com grandes comunidades de japoneses no Brasil e muitos brasileiros no Japão.

Isso impulsiona muito a rota da Lufthansa. Note que o destino de conexão favorito após a parada em Frankfurt é Nagoya, que já foi inclusive um destino da Varig. Tóquio fica em terceiro lugar, atrás apenas de Munique, que tinha um voo direto para São Paulo até o início da pandemia.

O Japão em si é o segundo país onde os passageiros mais conectam na rota São Paulo – Frankfurt, ficando atrás apenas da própria Alemanha, devido à capilaridade da Lufthansa em Frankfurt, que voa para todos os cantos do país.

Com a reabertura do país do sol nascente e do restante da Ásia, e sem restrições para conexões na Alemanha, o voo se manteve firme durante crise, sem precisar nem trocar por uma aeronave menor, apenas reduzindo frequências.

Nós inclusive já falamos sobre como a comunidade brasileira no Japão, e a nipônica no Brasil, atravessam o globo para viajar, nesta matéria especial:

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Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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