
O acordo entre a Azul Linhas Aéreas e o Grupo Abra, controladora da concorrente GOL e da Avianca, teria um aval prévio do governo federal.
O Memorando de Entendimento anunciado hoje, 15 de janeiro, ao mercado trata da intenção de combinar os negócios da Azul e da Abra no Brasil. A estrutura pretendida, resultado de uma combinação da Azul e da GOL, segundo as empresas, posicionará o Brasil em um nível maior de força global em um setor altamente globalizado.
Em entrevista à Folha de São Paulo, o CEO da Azul, John Rodgerson, foi questionado sobre possível aceite do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), já que a junção das operações das duas empresas iria diminuir a concorrência no Brasil.
“Tem muita gente que diz que isso cria uma empresa com 60% do mercado brasileiro.
Mas a LATAM tem 70% do mercado do Chile, onde as pessoas viajam três vezes mais do que no Brasil. Na Colômbia e no Canadá também é mais de 60% (de concentração). Outros países, como Alemanha e Coreia do Sul, entenderam que é estratégico ter uma empresa forte com capital suficiente para conectar mais“, afirmou o CEO.
John também cita que a própria LATAM tentou fazer isso no passado, e vê que não teria sentido a concorrente com sede no Chile tentar barrar o negócio por completo. Quando questionado sobre como o governo vê a situação, ele citou uma conversa com Lula.
“Falei com o presidente Lula há cerca de oito meses. Ele gosta da ideia de criar uma empresa mais forte no Brasil, porque há muito voo de galinha e isso é muito ruim para os tripulantes, para todo mundo. Juntando, haverá mais oportunidades para comprar mais aeronaves da Embraer, para mais voos regionais, mais voos internacionais. Vai ter gente gritando que isso é ruim, mas eles vão advogar por si mesmos“, conclui o CEO, citando novamente o termo voo de galinha, que se refere a concorrentes que nunca decolam ou funcionam por pouco tempo, como a Itapemirim (ITA).