Primeira decolagem de um “carro voador” na América Latina será feita no Sul do Brasil

A cidade de Curitiba, reconhecida internacionalmente como cidade inteligente e inovadora, está mais próxima de ganhar um transporte aéreo inovador. A empresa chinesa EHang escolheu a capital paranaense para sediar o primeiro voo na América Latina de uma aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical, ou eVTOL.

Na semana passada, o prefeito Rafael Greca recebeu os representantes da empresa no Brasil, a AT Global, e abriu as portas da cidade para que a EHang realize os estudos de viabilidade para a realização de decolagens deste veículo. Além disso, a empresa vai buscar a regulamentação de voos tripulados junto à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Se tudo der certo, a previsão é que uma primeira demonstração, sem tripulantes, seja realizada durante a quarta edição do Smart City Curitiba Expo, entre 22 e 24 de março. “Seria um grande presente de 330 anos para Curitiba”, afirmou o prefeito. Assim, a capital paranaense está pronta para entrar “pela porta da frente no futuro”.

O CEO da AT Global, Alexandre Daltro, explicou que a EHang vislumbrou em Curitiba a vitrine ideal para iniciar as operações do eVTOL nos países da América Latina. Ele também presenteou o prefeito com uma réplica em miniatura do eVTOL EH216 AAV, o modelo que  já está no mercado para voos tripulados para dois passageiros.

“Curitiba é uma cidade que oferece todas as condições para testar uma tecnologia disruptiva como o eVTOL. Queremos mostrar para todo o Brasil e América Latina que estamos diante de algo com o potencial de mudar a forma como nós enxergamos a mobilidade aérea“, disse Daltro.

O que é o eVTOL

Apesar de ainda parecer uma possibilidade de transporte para o longo prazo, o eVTOL é uma opção para a criação de um novo sistema de mobilidade urbana e que já é realidade em outras cidades do mundo.

Trata-se de um veículo inteligente, sem piloto, que realiza percursos previamente programados, com tecnologia semelhante aos drones. Sua proposta é ser mais popular que o helicóptero – com quem compartilha a forma de pouso e decolagem, feitos na vertical – com menor custo e maior agilidade.

Cidades da China, Seul, Canadá e Estados Unidos, por exemplo, já receberam testes de voos tripulados. Na semana passada, foi a vez da Espanha: o EHang 216 foi testado, onde o objetivo é usar os veículos aéreos autônomos em missões de emergência da Polícia Espanhola.

Sustentável e versátil

Apresentado como uma alternativa de mobilidade segura, o eVTOL também se alinha com as políticas sustentáveis, por não ter a emissão de CO2.

Além de realizar voos comerciais ou turísticos de viajantes, também pode atuar em logística, na entrega mercadorias; na segurança pública, em operações de vigilância, de resgate e de acesso a áreas de risco; também na saúde, agilizando deslocamentos de emergência e de transporte de órgãos para doação, entre outras possibilidades.

Essas aeronaves funcionam com bateria elétrica e podem atingir até 3 mil metros de altitude. 

Revolução aérea

Outras empresas também investem no desenvolvimento dos eVTOL apostando nessas aeronaves como a nova revolução aérea e também em estrutura de decolagem e pouso, os vertiportos (porto para voos que iniciam na vertical).

A EHang se destaca pelo know how nesse tipo de aeronave autômoma e na operação de drones para logística e apresentações aéreas. Quem também desenvolve projetos de eVTOL é a Tesla, de Elon Musk, e a brasileira Embraer. Empresas de diferentes setores da aviação, como a Boeing e a Azul, e até mesmo as automotivas, como a Porsche, também estão atrás da sua fatia neste novo mercado.

Em novembro passado, uma parceria entre as empresas Volocopter, a Skyports e o Grupo ADP inaugurou o primeiro vertiponto na França, nos arredores de Paris, com foco em iniciar os voos comerciais para as Olimpíadas de 2024, na capital francesa.

Vertiporto 

Na apresentação do eVTOL ao prefeito Rafael Greca desta tarde, também foi exibido o projeto de vertiponto para a cidade, criado pela fundadora da curitibana Arquitetare, Elaine Zanon. 

A proposta inicial seria instalar a estrutura no Parque Barigui, para sobrevoos sobre o parque e pouso em uma menor área chamada de “vertiponto”. 

“Essa proposta colocaria o eVTOL em definitivo na cidade, contribuindo para que as pessoas conheçam essa nova forma de deslocamento, trazendo o futuro para Curitiba a ser replicado por todo o Brasil, destacou Elaine.

A viabilidade da instalação do vertiporto também será avaliada nos estudos para trazer a inovação para a capital paranaense, o que inclui investimentos necessários e até mesmo o local de sua instalação.

Também acompanharam a apresentação da aeronave autônoma o vice-prefeito e secretário estadual das Cidades , Eduardo Pimentel; a presidente da Agência Curitiba de Inovação e Desenvolvimento, Cris Alessi; o secretário de Governo Municipal e presidente do Ippuc, Luiz Fernando Jamur; a secretária municipal de Comunicação Social, Cinthia Genguini; o diretor técnico da Agência Curitiba, Paulo Krauus;  os sócios da AT Global Eduardo Correa e Paulo Piasecki; as arquitetas da Arquitetare Carolina Bueno e Márcia Fujimoto; e a advogada Marcella Granemann Ferreira.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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