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Problemas em Congonhas trazem à tona imbróglio antigo: falta aeroporto em São Paulo

Os últimos problemas com aviões no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, trouxeram à tona um debate antigo e que continua sem solução.

Divulgação – AOPA / Ricardo Beccari

Congonhas, assim como Guarulhos e tantos outros aeroportos pelo país, como Pampulha e Carlos Prates, foram construídos em áreas isoladas das cidades, mas acabaram ficando “no centro de tudo” com o adensamento populacional e crescimento da áreas urbanas. Enquanto soa estranho que “quem chegou depois” (no caso, os moradores), peça para que o aeroporto saia, uma solução real está bem longe.

Pouco antes da concessão de Guarulhos, se falava de um terceiro aeroporto na região metropolitana da capital paulista, sendo cogitados terrenos em Caieiras, Cotia e outras localidades, mas os projetos ficaram apenas no campo das ideias. Desde então, algumas coisas mudaram. A aeroporto de Viracopos, em Campinas, cresceu com a Azul, se tornando o terceiro aeroporto, ainda que distante da capital. Surgiu outra opção para a aviação executiva com o aeroporto Catarina.

A paralisação da pista de Congonhas por quase 10 horas, duas semanas atrás, foi um fato atípico, que gerou uma briga entre a aviação executiva e comercial, por uma fala polêmica do CEO da LATAM. Dentre os vários comentários, muitos pediam pela retirada da aviação executiva ou comercial de Congonhas, mas isto está longe de ser a solução.

Campo de Marte

Este é o aeroporto mais perto do centro de São Paulo e que, por muitas vezes, foi alvo de políticos para desativação, que acabou não ocorrendo. Apesar de ser totalmente voltado à aviação privada, já opera na sua capacidade máxima há algum tempo, sobretudo nos dias de semana, além de estar numa área de confluência do tráfego aéreo de Congonhas e Guarulhos, o que lhe afeta as operações.

Para dar como exemplo, muitos aviadores em formação que moram na capital vão para cidades vizinhas fazer treinamento, já que, mesmo contando com um Aeroclube, o Campo de Marte sempre tem uma fila de espera para decolagem, o que significa mais tempo no chão do que voando, menos prática e dinheiro sendo gasto para taxiar.

Divulgação

A pista tem 1.600m de comprimento, mas devido as cabeceiras deslocadas, a distância “usável” é de pouco mais de 1.000 metros, restringindo a operação de aviões executivos maiores. Soma-se a isso o fato de que também funciona apenas entre 6h e 23h, igual a Congonhas, mas está alinhado a cabeceira 10 de Guarulhos, novamente atrapalhando seu tráfego.

Por fim, Marte não conta com operação por instrumentos, e qualquer adversidade meteorológica causa fechamento do aeroporto. Transferir a operação executiva para lá é inviável.

Catarina

Outra opção levantada seria a transferência dos voos executivos (ou até comerciais) para o Aeroporto Executivo Catarina, em São Roque. Este novo aeroporto conta com uma boa estrutura e foi erguido totalmente pela iniciativa privada. Este aeroporto conta com um plano de crescimento, já opera voos internacionais executivos e conta com hangares de manutenção.

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Seria uma ótima opção, mas na situação atual também não conseguiria receber toda a operação executiva de Congonhas, além de ser muito distante do centro de São Paulo, o que não é convidativo para muitos voos de “jatinhos”, que utilizam Congonhas exatamente pela facilidade.

Outro aeroporto público

Ao mesmo tempo, uma construção de um novo aeroporto público estaria cercada de influências políticas, além de ser algo demorado e que nem sempre é bem planejado no Brasil, haja visto o histórico de décadas ou talvez séculos de mal planejamento e execução de obras.

Mas tudo leva de volta ao problema inicial: a necessidade premente de uma operação mais organizada em Congonhas, com plano de ação rápido para incidentes ou acidentes, e divisão melhor dos slots entre os operadores. Isto poderia ocorrer agora com a chegada da espanhola Aena à administração de Congonhas, mas ainda não será suficiente no longo prazo.

Espera-se um crescimento para a aviação brasileira no futuro e, portanto, será necessário aumentar a capacidade da capital paulista de receber mais voos. Por motivos óbvios de falta de espaço, expandir os atuais parece tarefa difícil (exceto Campinas).

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