Problemas de produção do 787 já afetam a cadeia de suprimentos da Boeing

Boeing 787 – Imagem: José A. Montes, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons

Os problemas de fabricação do Boeing 787 Dreamliner estão criando desafios para os fornecedores, que já se preparam para uma expectativa de que a produção permaneça baixa até o próximo ano.

A fabricante americana de jatos vem produzindo cerca de duas unidades por mês de seu mais moderno avião de corpo largo. Antes da pandemia, até 14 aeronaves deixavam suas linhas de montagem por mês. As entregas estão suspensas desde que certos defeitos de fabricação foram descobertos.

A desaceleração da produção “sufocou” a cadeia de abastecimento, paralisando as vendas de peças e componentes dos fornecedores. Entre os afetados, segundo relata nosso parceiro Aviacionline, estão empresas como Raytheon e Hexcel. De acordo com analistas da indústria, estima-se que a Boeing tenha mais de 100 unidades do 787 esperando para serem entregues.

Esses 100 aviões representam, a valores de mercado, cerca de 12,5 bilhões de dólares que a Boeing imobilizou. Cada atraso coloca em risco os contratos desses aparelhos, já que uma cláusula – comum nos pedidos – estipula que o atraso de mais de 12 meses na entrega do avião permite ao comprador cancelar o pedido sem pagar multas.

O CEO da Raytheon, Greg Hayes, disse em uma chamada com investidores que “não estamos enviando componentes do 787 atualmente.” A Raytheon fornece cerca de US $10 milhões em peças para cada aeronave. Somando-se a essas reivindicações, o fornecedor de fibra de carbono Hexcel disse na semana passada que a redução na produção diminuiu sua receita no último trimestre.

A Albany International, que é especializada em materiais compostos – amplamente usados ​​no jato bimotor da Boeing – observou que, devido à baixa produção do modelo, “espera atingir apenas US$10 milhões em receita com o programa neste trimestre”. Segundo a empresa, em 2019 a receita do 787 havia somado US$50 milhões. “A baixa produção provavelmente levará nossa operação a níveis insignificantes no futuro previsível”, disse o CFO da Albany, Stephen Nolan.

A Boeing deve retomar as entregas de 787s no início do ano que vem. Um porta-voz disse que a fabricante estava “coordenando com fornecedores e clientes enquanto trabalhava em inspeções e análises”. Ele acrescentou que a empresa “vai continuar a levar o tempo necessário” para resolver os problemas do modelo.

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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