Projeto A220 levará mais tempo do que o esperado para se tornar lucrativo, prevê Airbus

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Avião Airbus A220-300

Desde que assumiu o programa C-Series da canadense Bombardier e o transformou na família A220, composta pelos modelos A220-100 e A220-300 (antes respectivamente CS-100 e CS-300), a fabricante europeia Airbus afirmava, ainda em março de 2018, que seriam necessárias grandes mudanças para obter lucro com o projeto.

Naquele momento, o diretor de compras da Airbus, Klaus Richter, dizia que seria preciso fazer um trabalho para reduzir a diferença entre os custos de produção e o preço de venda do novo jato, que também significaria ter que impulsionar as vendas do então C-Series. “Primeiro, teremos que vender a aeronave, para depois trabalhar com os fornecedores a respeito dos custos do programa, porque no momento há uma lacuna”, disse Richter. “Um aumento na taxa de produtividade ajudará.”

Os dois anos seguintes mostraram que o empenho em cumprir o que havia sido dito foi grande, resultando em importante aumento na carteira de pedidos dos A220. Como consequência, foi dado início a um aumento gradual de produção dos aviões da família, tanto através da planta já instalada em Mirabel, no Canadá, desde os tempos da Bombardier quanto das novas instalações inauguradas em Mobile, nos Estados Unidos.

Até janeiro de 2020, ainda sem impactos tão severos da pandemia da Covid-19 na aviação, a perspectiva da Airbus era de chegar, nos meses seguintes, a 10 aviões produzidos por mês no Canadá e mais 4 mensais nos EUA, permitindo melhores negociações de redução de custos junto aos fornecedores do programa e um avanço rumo ao ponto de equilíbrio financeiro, passando então do prejuízo ao lucro.

No entanto, a pandemia chegou, se prolongou, e tudo mudou. Como resultado, em novembro de 2020 o vice-presidente de marketing de aviões de corredor único da Airbus, Antonio Da Costa, afirmava que a Airbus passaria a produzir apenas três A220 por mês na linha de montagem de Mirabel e apenas um jato por mês em Mobile.

E a consequência não poderia ser outra: o programa A220 deve levar ainda mais tempo para se tornar lucrativo à fabricante europeia. Essa constatação foi comentada na última quinta-feira, 18 de fevereiro, por Dominik Asam, diretor de finanças da Airbus, na conferência de apresentação dos resultados de 2020, segundo reporta o portal canadense The Globe and Mail.

Para o diretor, com a lenta retomada da crise do setor, a família A220 não trará lucros ao menos até a metade da década, o que significa em torno de 1 ano a mais do que as perspectivas prévias.

Guillaume Faury, CEO da Airbus, também falou sobre a situação: “Está claro que a crise ainda não acabou e que provavelmente continuará a ser uma realidade ao longo do ano. No momento, o ponto de inflexão é bastante incerto. Não está se desenvolvendo como esperávamos.”

A Airbus espera poder aumentar a produção do modelo em março, porém, ainda para apenas 5 unidades ao mês, taxa ainda bastante distante da capacidade máxima de 14.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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