Qatar Airways publica na internet trechos da sentença de seu processo contra a Airbus

Em um movimento incomum, a Qatar Airways decidiu publicar trechos do julgamento que o Supremo Tribunal de Londres proferiu na semana passada. Assim, busca refutar o que a companhia aérea chama de “declarações imprecisas” da Airbus, relata o site Aviacionline.

Segundo a Qatar, a sentença proferida pelo juiz Waksman “expôs a ficção da narrativa da Airbus”, que sustenta que a condição que afeta o A350 é um simples problema “cosmético”. Em sua decisão, Waksman concluiu que “parece não haver solução simples para o problema” da degradação da superfície das aeronaves e que o único remédio atual – remendar a fuselagem de todas as aeronaves afetadas – “trata os sintomas e não a doença”.

A sentença acrescenta que “a Airbus não sugere que esses problemas sejam pontuais e limitados apenas ao A350 da Qatar Airways. De fato, o fabricante indicou que a condição ocorrerá em algum momento da vida de todos os A350 porque é resultado de um coeficiente de expansão diferente entre o polímero reforçado que compõe a fuselagem e a camada de cobre – que funciona como para-raios – que é aderida a ela”

Essa diferença no coeficiente de expansão faz com que esses materiais se expandam e contraiam em taxas diferentes e, pelo menos na forma presente no A350, leva ao rachamento das camadas de tinta ao longo do tempo.

A posição atual da Airbus é que não há uma solução simples para o problema. A única coisa que pode ser feita é aplicar patches (curativos) em todas as áreas afetadas. De acordo com o Qatar, a palavra patch é adequada neste caso, pois apenas os sintomas do problema são tratados e não o problema em si.

Para a companhia aérea, o problema é consequência do projeto da aeronave: ou o uso dessa forma relativamente nova de fuselagem composta inevitavelmente causará a condição em todas as aeronaves, ou a aeronave deve ser projetada e fabricada com materiais apropriados que evitem produzir o problema. O Qatar indica que a primeira possibilidade parece improvável, já que a Boeing usa compósitos para a fuselagem de seus 787 e o problema não surgiu neste modelo.

Os A321 no centro da polémica

No comunicado, a Qatar também fez referência ao cancelamento do contrato de cinquenta A321, rescindido unilateralmente pela Airbus. 

“A Qatar Airways está muito preocupada com o precedente que a Airbus abre ao rescindir um pedido de aeronave de um cliente. Temos o direito de recusar a entrega de mais A350, desde que o modelo sofra com a falha de design. A retaliação da Airbus ao abusar de sua posição de mercado para rescindir um contrato separado é extremamente prejudicial para nossa indústria”, disse a companhia aérea.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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