Qatar diz que Airbus está mancomunada com a agência de aviação europeia

No novo capítulo da “novela” entre a Qatar Airways e a Airbus, a empresa aérea árabe e a fabricante de aeronaves europeia agora acusam um a outra de conspirarem com seus respectivos reguladores sobre a segurança da aeronave A350, diz uma matéria da agência de notícias Reuters.

Advogados da Qatar Airways sugeriram que a Airbus conspirou com a Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA) ao dizerem que “a fabricante procurou e parece ter conseguido exercer sua influência sobre a EASA”. Sua principal evidência para essa alegação foi que a Airbus compartilhou um documento chamado “Line to Take” com a EASA, que é um documento com os principais pontos de discussão sobre a questão do defeito de pintura.

Acontece que, enquanto os advogados que atuam em nome da Qatar Airways “sugerem um conluio” entre a Airbus e a EASA, a fabricante do avião diz que a companhia aérea pouco fez para explicar seu relacionamento com a Agência de Aviação Civil do Catar (QCAA), que ordenou o aterramento da aeronave.

Segundo a Airbus, a QCAA ordenou que as aeronaves fossem aterradas, apesar da garantia da EASA de que os aviões são seguros para voar. A agência comentou publicamente sobre o assunto, mas a Qatar Airways insiste que os aviões não podem voar até que uma causa raiz para o defeito de pintura seja estabelecida.

Outras companhias aéreas ao redor do mundo relataram defeitos de pintura semelhantes, mas não aterraram essas aeronaves, sustenta a Airbus. Outro argumento é que a Qatar Airways já repintou duas aeronaves e as colocou para voar, sugerindo que nem sempre os danos são tão severos assim. Hoje, a empresa aérea do Oriente Médio tem cerca de 20 aviões do modelo A350 estacionados há muitos meses.

A Airbus admite que há problemas de fabricação com o A350 que faz com que a camada externa de tinta em partes da fuselagem e asas rache, borbulhe e até descasque. Mas diz que isso não representa um risco de segurança e o regulador europeu de segurança da aviação concorda.

Enquanto isso, a companhia aérea com sede em Doha entrou com um processo multibilionário contra a Airbus no Supremo Tribunal de Londres porque foi forçada a aterrar 21 de seus A350 por razões de segurança por ordem do regulador de aviação do Catar. A batalha legal já resultou no cancelamento unilateral da Airbus de um pedido de nove aeronaves A350-1000 no valor estimado de US$ 6,74 bilhões, a preço de tabela, no início deste ano.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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