A disputa entre a Airbus e a Qatar Airways continua intensa enquanto a fabricante de aviões cancela mais aeronaves da transportadora árabe, em meio às tensões devido aos problemas de pintura nos jatos A350 da companhia.
Na terça-feira, 8 de fevereiro, dados publicados pela Airbus mostraram que ela revogou dois A350-1000 da Qatar, após a empresa não retirar as aeronaves que ficaram prontas para entrega.
A notícia foi relatada pela Reuters e posteriormente confirmada pela Airbus, que disse ter “notificado a Qatar por não receber 2 entregas”.
“Confirmamos que encerramos as posições de entrega de 2 A350 com a Qatar Airways em total conformidade com nossos direitos. Nesta situação sem precedentes, esta decisão veio como último recurso e seguiu muitas tentativas infrutíferas de encontrar soluções mutuamente benéficas”, disse um porta-voz da Airbus.
A companhia é cliente de longa data da Airbus, tendo sido a empresa aérea de lançamento do A350-1000, mas os problemas de pintura da superfície destruíram o relacionamento, disse o CEO da Qatar, Akbar Al Baker, em dezembro.
De acordo com a Qatar, a pintura representa uma ameaça à segurança, e seu regulador de aviação a instruiu a suspender os jatos até que a Airbus tenha realizado uma análise completa da causa raiz, o que a companhia aérea diz que a fabricante de aviões ainda não fez.
Apesar das alegações da Qatar, a Airbus disse que forneceu a orientação necessária a seus clientes e operadores para a continuidade das operações dos jatos afetados.
Além disso, a Airbus deixou claro que os problemas de pintura da superfície são simplesmente “cosméticos” e não uma preocupação de segurança. “A tentativa deste cliente de deturpar este tópico específico como uma questão de aeronavegabilidade representa uma ameaça aos protocolos internacionais sobre questões de segurança”, disse a fabricante em comunicado de dezembro.
Segundo a Airbus, sua avaliação foi apoiada pela Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA). Enquanto isso, a Reuters informou que seis companhias aéreas, sendo elas Finnair, Cathay Pacific, Etihad, Lufthansa, Delta Air Lines e Air France, notaram pintura degradada em seus A350, mas não paralisaram os jatos.
A notícia vem pouco mais de duas semanas depois que a fabricante de aviões cancelou o pedido da Qatar de 50 aeronaves A321neo, motivada pelo processo que a companhia aérea abriu contra a Airbus em um Tribunal Superior de Londres por US$ 618 milhões depois que paralisou 21 de seus A350.
Logo após a revogação do pedido, a Qatar anunciou a compra de até 50 aviões de passageiros Boeing 737 MAX 10 e 34 unidades do novo cargueiro 777-8X da Boeing, com a opção de adquirir mais 16, tornando a companhia aérea o cliente lançador do novo jato cargueiro da fabricante americana.