Qual é o último Lockheed L-1011 Tristar ainda voando no mundo?

Mesmo após os desafios em seu desenvolvimento, as vendas fracas e a vida curta, o L-1011 TriStar conseguiu manter seu posto de ícone da aviação. Fabricado por uma companhia de ponta, ele formou a tríade mais clássica dos aviões de corpo largo (“widebodies”). Hoje, passados 50 anos, resta apenas um voando em todo o mundo.

L-1011 Stargazer em voo com o Pegasus em sua barriga – foto: Northrop Grumman

Esse único exemplar na ativa atende pelo nome de Stargazer, um avião construído em 1974 e que ostenta o prefixo atual N140SC. Ele foi entregue originalmente à Air Canada, aonde voou por vinte anos antes de ser repassado à Orbital Sciences (hoje Northrop Grumman) em 1994. Na indústria aeroespacial, ele foi totalmente modificado para trabalhar como plataforma de lançamento dos foguetes Pegasus. 

O clássiso TriStar

O Lockheed L-1011 TriStar é um avião de três motores de médio a longo alcance e corpo largo, fabricado pela norte-americana Lockheed Corporation e que voou pela primeira vez em novembro de 1970, vindo a entrar em serviço pela Eastern Air Lines em 1972.

Foi o terceiro avião comercial de corpo largo (“widebody”) a entrar em operações comerciais, depois do Boeing 747 e do Douglas DC-10. Ainda assim, poderia ter nascido antes de seus concorrentes, não fosse um atraso de dois anos devido a problemas de desenvolvimento e financeiros na Rolls-Royce, o único fabricante dos motores da aeronave. 

Entre 1968 e 1984, a Lockheed fabricou um total de 250 TriStars, montados na sua fábrica do sul da Califórnia. Após o término da produção, a Lockheed retirou-se do negócio de aeronaves comerciais devido a suas vendas abaixo da meta e a forte concorrência no setor.

Assim como o DC-10, o TriStar também tem três motores, sendo dois sob as asas e um montado sobre a cauda, embutido na fuselagem. Numa inovação para a época, a aeronave recebeu a capacidade de “autoland”, sistema automatizado de controle de aproximação e pouso.

Em termos de capacidades, o avião pode levar até 400 passageiros em classe única e tem um alcance de mais 7.410 km com uma tripulação composta pelo piloto, primeiro-oficial e um engenheiro de voo. Foi produzido em três séries, o L-1011-1, -200 e -500, com comprimento máximo de 54,17 metros e envergadura de 50,09 metros.

O único L-1011 Tristar ainda voando

Como antecipamos no começo da matéria, há apenas um TriStar ainda voando, servindo em missões de lançamentos de foguetes Pegasus.

Segundo a página da Northrop Grumman na internet, a primeira vez que um Pegasus foi lançado pelo Stargazer foi em 27 de junho de 1994, sendo que lançamentos anteriores usavam um Boeing B-52B da NASA.

Além dos lançamentos, o Stargazer é usado para testes diversos com fins científicos e transporte da aeronave de pesquisa hipersônica X-34. Ele tem capacidade de transportar uma carga útil de 23.000 kg a uma altitude de 12.800 metros (42.000 pés).

Um foto do Stargazer nos anos 1990

Os lançamentos da Pegasus usando o Stargazer geralmente são realizados na Base da Força Aérea de Vandenberg. No entanto, também foram realizados lançamentos da Estação de Cabo Canaveral, do Centro Espacial Kennedy, da Estação de Voo Wallops da NASA e de locais de lançamento fora dos Estados Unidos.

Ao todo, foram realizadas 44 missões, lançando 95 satélites, tendo a última sido realizada em 11 de outubro de 2019, quando o Stargazer lançou o Ionospheric Connection Explorer.

Programa Pegasus

Em 5 de abril de 1990, a Northrop Grumman diz ter iniciado uma nova era no voo espacial comercial, quando o foguete Pegasus foi lançado de uma aeronave B-52 da NASA. Nas décadas desde seu voo inaugural, o Pegasus se tornou o padrão mundial para pequenos veículos de lançamento acessíveis e confiáveis. 

O foguete Pegasus de três estágios é usado para implantar pequenos satélites com peso de até 453,59 kg em órbita baixa da Terra. O Pegasus é lançado desde 40.000 pés pelo Stargazer e sempre sobre o Oceano, onde é liberado e cai em queda livre para, cinco segundos depois, acender seu motor de foguete de primeiro estágio. No vídeo abaixo, é possível ver como funciona o processo de lançamento.

Com sua asa única em forma de delta, o Pegasus normalmente libera os satélites na órbita terrestre em pouco mais de 10 minutos.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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