Azul reporta maior receita trimestral de sua história, mas prejuízo no ano foi bilionário

ATR 72-600 da Azul

A Azul S.A. (Azul Linhas Aéreas) anuncia hoje, 24 de fevereiro, seus resultados do quarto trimestre de 2021 (4T21) e do ano de 2021, destacando que registrou a maior receita operacional trimestral em sua história.

Apesar da receita recorde, no entanto, o prejuízo no período foi de R$ 945,7 milhões, como mostra o balanço do quarto trimestre. No ano, as perdas da Azul chegam a R$ 4,76 bilhões. Em 2020 a Azul registrou um prejuízo líquido total de R$ 10,42 bilhões.

Acompanhe a seguir os números apresentados pela companhia.

Destaques Financeiros e Operacionais

▪ Durante o quarto trimestre, a Azul demonstrou novamente as vantagens competitivas e sustentáveis do modelo de negócio ao atingir a maior receita de sua história. No 4T21, a receita operacional atingiu nível recorde de R$3,7 bilhões, mais do que o dobro do 4T20, e 14,7% acima em relação ao mesmo período de 2019. A Azul afirma que foi uma das poucas companhias aéreas no mundo a recuperar receita nos níveis pré-pandemia no ano de 2021.

▪ O negócio de logística manteve seu excelente desempenho com um ano recorde, superando a meta ambiciosa de dobrar a receita em 2021, em comparação com 2019. A receita do ano atingiu R$1,1 bilhão, 128,0% superior à receita de 2019 de R$480,7 milhões.

▪ A posição de liquidez imediata foi de R$4,1 bilhões, 40,6% acima do mesmo período em 2019 e mais de R$600 milhões acima das projeções, principalmente devido a melhorias nas tendências de vendas. Durante o trimestre, a Azul gerou R$862 milhões em entradas de caixa menos despesas operacionais, compensadas por pagamentos feitos a arrendadores e fornecedores, desalavancagem, juros e despesas
de capital.

Mensagem da Administração

“Como sempre, eu gostaria de agradecer aos tripulantes mais engajados e apaixonados do mundo. Graças a sua dedicação, tivemos nossa maior receita de todos os tempos no quarto trimestre de 2021.

Nossas vantagens competitivas, impulsionadas por nossa malha única e frota diversificada resultaram em uma receita recorde de R$3,7 bilhões a um RASK de 39,46 centavos, 18% acima do mesmo período de 2019 e 42,7% acima do 4T20.

Durante o trimestre, continuamos focados na nossa malha doméstica. Atualmente estamos voando para quase 150 destinos, uma adição notável de mais de 30 destinos em comparação a 2019. Com o passar do tempo, o crescimento destes novos destinos contribuirá para um aumento significativo da demanda em nossa malha.

No 4T21 nosso EBITDA alcançou mais de R$1 bilhão, representando uma margem de 27,5%. Isto demonstra claramente o poder de ganhos e o potencial de nosso negócio no futuro.

Encerramos o ano com uma forte posição de caixa de R$4,1 bilhões, 40,6% acima do mesmo período em 2019 e mais de R$600 milhões acima das nossas expectativas.

Um fator valioso de rentabilidade é a Azul Cargo, nossa incomparável solução logística. A Azul Cargo atende hoje mais de 4.500 cidades e comunidades em todo o país, sendo que em 2.000 cidades entregamos em 48 horas ou menos. A Azul Cargo atingiu R$1,1 bilhão em receita líquida em 2021, superando nossa ambiciosa meta de dobrar a receita de cargas em relação a 2019, quando geramos uma receita de R$480,7 milhões.

Recentemente anunciamos o lançamento do primeiro cargueiro Embraer Classe-F do mundo, uma solução única que proporcionará vantagens competitivas para nossos clientes. Assim como ajudamos a transformar o mercado brasileiro de passageiros, acreditamos fortemente que a Azul Cargo fará o mesmo com o mercado de logística.

O TudoAzul, nosso programa de fidelidade, teve um aumento de 34% no faturamento bruto no 4T21 em comparação com o 4T19, totalizando quase 14 milhões de membros no final do ano.

A Azul Viagens, nosso negócio de turismo, é outro importante fator de expansão de margem. Em 2021, vendemos 30% mais pacotes de viagens em comparação com 2019, alavancando principalmente a singularidade de nossa malha e a flexibilidade de nossa frota. Durante os finais de semana, por exemplo, quando a utilização é normalmente baixa para as companhias aéreas, dedicamos 25% de nossa capacidade para voar rotas de lazer exclusivas sem escalas, ideais para a Azul Viagens.

A Azul contribui significativamente para o desenvolvimento sustentável do Brasil, aproximando pessoas, empresas e comunidades. Os princípios ESG têm sido há muito tempo um dos nossos maiores compromissos e, recentemente, fomos incluídos no Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores da B3. Ao mesmo tempo, também melhoramos nossa pontuação no CDP para “B”, destacando nosso compromisso com iniciativas ambientais.

Nossos fortes resultados do 4T21 nos transmitem confiança em nosso modelo de negócios. Nosso EBITDA anualizado baseado no 4T21, de aproximadamente R$4 bilhões por ano, é 10% acima do nosso EBITDA de 2019.

Embora tenhamos enfrentado alguns desafios de curto prazo em função da Ômicron durante o primeiro trimestre de 2022, estamos fortemente focados na execução do nosso plano de negócio para 2022, com a recuperação total da demanda corporativa e internacional ainda por vir.

Enxergamos oportunidades interessantes nos nossos negócios de passageiros, fidelidade, turismo e logística, e estamos ansiosos para compartilhá-las com vocês durante o ano.”

John Rodgerson, CEO da Azul S.A.

Receita Líquida

No 4T21, a Azul teve uma receita operacional recorde de R$3,7 bilhões, 109,1% acima do mesmo período do ano passado e 14,7% acima em comparação com o 4T19.

A receita de passageiros aumentou 122,2% devido ao aumento de 46,3% da capacidade doméstica em comparação com o mesmo período do ano passado. Em comparação com o 4T19, a receita de passageiros aumentou 9,6%, mesmo com o tráfego internacional ainda longe da recuperação total.

O PRASK aumentou 51,7% em comparação ao 4T20 e 12,3% em comparação ao 4T19, principalmente devido à habilidade da Azul em aumentar as tarifas, demonstrando claramente o aumento racional de capacidade e as vantagens competitivas sustentáveis da malha e modelo de negócios.

Receitas de cargas e outras aumentaram 30,8% ano contra ano, totalizando R$334,0 milhões no 4T21. Em comparação ao 4T19, cargas e outras receitas mais do que dobrou, principalmente devido ao aumento de 115,1% na receita de cargas impulsionada pela forte demanda pelas soluções logísticas únicas da empresa.

Custos e Despesas Operacionais

No 4T21, a Azul registrou despesas operacionais de R$3,2 bilhões contra R$1,9 bilhão no 4T20, representando 66,3% a mais, principalmente devido ao aumento de capacidade de 46,5% e ao aumento de receita de 109,1%.

Em comparação com o 4T19, as despesas operacionais totais aumentaram 29,8% ou R$735,7 milhões, impulsionadas principalmente por um aumento de 51,4% nos preços dos combustíveis de aviação e a depreciação média de 35,6% do real em relação ao dólar, parcialmente compensada por maior produtividade e iniciativas de redução de custos implementadas ao longo do ano.

Segue abaixo a composição das principais despesas operacionais comparadas com o 4T19:

▪ Combustível de aviação aumentou 40,8% para R$1.171,0 milhões, principalmente devido a um aumento de 51,4% no preço do combustível de aviação, parcialmente compensado por uma redução de 4,7% no consumo de combustível por ASK como resultado da frota mais eficiente e uma redução de 3,5% nas horas-bloco.

▪ Salários e benefícios reduziram 7,0% para R$467,3 milhões, principalmente devido a uma redução de 5,3% no número de funcionários em comparação com o 4T19, alinhada com iniciativas de redução de custos implementadas para aumentar a produtividade.

▪ Depreciação e amortização aumentaram 12,4% ou R$55,2 milhões, impulsionadas pelo aumento do tamanho da frota em relação ao 4T19, parcialmente compensadas por uma redução do direito de uso do ativo devido às modificações nos contratos de arrendamento que ocorreram em 2020.

▪ Tarifas aeroportuárias aumentaram 3,4% ou R$6,6 milhões, principalmente devido ao maior número de assentos das aeronaves de nova geração e à inflação de 15% dos últimos 24 meses.

▪ Serviços de passageiros e de tráfego reduziram 8,4% ou R$10,8 milhões, principalmente devido à redução de 5,7% das decolagens no 4T21 em comparação com o 4T19.

▪ Comerciais e marketing aumentaram 27,4%, ou R$33,8 milhões, em sua maioria impulsionadas pelo crescimento da receita em 109,1%, que aumentou as comissões de vendas e os embarques expressos de carga, que possuem taxas de comissão mais elevadas.

▪ Materiais de manutenção e reparo aumentaram R$97,2 milhões em comparação ao 4T19, em sua maioria impulsionados por uma depreciação média de 35,6% do real em relação ao dólar e um número maior de eventos de manutenção no trimestre, parcialmente compensado por uma maior proporção de eventos de manutenção realizados internamente.

▪ Outras despesas operacionais aumentaram R$249,1 milhões, impulsionadas por despesas relacionadas ao crescimento do negócio de logística, despesa com aluguel de motores e a depreciação do real em relação ao dólar.

Resultado não operacional

Despesas financeiras líquidas atingiram R$950,1 milhões, principalmente devido ao acúmulo de juros sobre empréstimos e obrigações de arrendamento no trimestre.

Instrumentos financeiros derivativos resultaram em um ganho líquido de R$14,3 milhões no 4T21, principalmente devido a um ganho no hedge de combustível registrado no período. Em 31 de dezembro de 2021, a Azul possuía hedge de 11% do consumo de combustível esperado para os próximos doze meses por meio de derivativos de heating oil.

Variações monetárias e cambiais, líquidas representaram uma perda não-monetária em moeda estrangeira de R$533,5 milhões no 4T21 devido à depreciação de 2,6% do real em relação ao dólar no trimestre, resultando em um aumento nos empréstimos e passivos de arrendamento indexados a moeda estrangeira.

Disponibilidades e Financiamentos

A Azul encerrou o trimestre com R$4,1 bilhões de liquidez imediata, incluindo caixa e equivalentes de caixa, contas a receber e investimentos de curto prazo, 40,6% acima do 4T19, mesmo depois de pagar mais de R$2,1 bilhões em arrendamentos, empréstimos, diferimentos, juros e despesas de capital.

Essa liquidez imediata representou 41,6% da receita dos últimos doze meses. A liquidez total incluindo depósitos, reservas de manutenção, investimentos de longo prazo e recebíveis foi de R$7,2 bilhões em 31 de dezembro de 2021. Isso não inclui peças de reposição ou outros ativos não onerados como a TudoAzul e a Azul Cargo.

A Azul não possui pagamentos significativos de dívidas para os próximos dois anos e também não tem caixa restrito.

A dívida bruta aumentou 4,4% ou R$966,5 milhões em comparação a 30 de setembro de 2021, principalmente devido à depreciação de 2,6% do real no final do trimestre e R$677,2 milhões relativos à entrada de novas aeronaves na frota, compensado pelo pagamento de empréstimos e arrendamento no total de R$1,2 bilhão no trimestre.

A dívida bruta ajustada à taxa de câmbio atual de 5,00 teria sido de R$20.797,3 milhões, uma redução de R$2.239,0 ou 9,7% comparado com o fechamento de 2021.

Em 31 de dezembro de 2021, o prazo médio de vencimento da dívida da Azul, excluindo as obrigações de leasing e debêntures conversíveis, era de 3,1 anos, com uma taxa média de juros de 7,5%. A taxa média de juros das obrigações locais e denominadas em dólares era de 12,3% e 6,4%, respectivamente.

Frota

Em 31 de dezembro de 2021, a Azul possuía uma frota operacional de 161 aeronaves de passageiros e uma frota contratual de 179 aeronaves de passageiros, com uma idade média de 6,6 anos, excluindo as aeronaves Cessna.

No final do 4T21, as 18 aeronaves não incluídas na frota operacional consistiam em 6 ATR sublocados à TAP, 3 Embraer E1 sublocadas à Breeze, 2 Airbus narrowbody e 3 aeronaves ATR em processo de entrada na frota e 4 aeronaves em processo de saída.

Despesas de Capital (Capex)

Os investimentos totalizaram R$284,0 milhões no 4T21, uma redução de 42,5% em comparação com R$494,1 milhões no 4T19, principalmente devido às manutenções realizadas internamente e a capitalização dos eventos de manutenção de motores e maiores aquisições de peças de reposição no 4T19. Os investimentos em 2021 reduziram 50,2% em comparação com 2019.

Responsabilidade Ambiental, Social e de Governança (ESG)

A tabela abaixo apresenta as principais métricas ESG da Azul, de acordo com o padrão SASB (Sustainability Accounting Standards Board) para o setor aéreo:

Reconciliação dos Itens Não Recorrentes

Os resultados contábeis incluem os impactos de itens considerados como não recorrentes e que não devem ser considerados para comparação com períodos anteriores, bem como períodos futuros.

No 4T21 os resultados operacionais foram ajustados para itens não recorrentes totalizando um ganho líquido de R$104,5 milhões, consistindo da reversão parcial do impairment de E1s devido ao uso estendido dessas aeronaves e outros itens relacionados a elas no valor de R$742,7 milhões, parcialmente compensados por outras provisões não monetárias (incluindo a Cofins sobre importação de aeronaves e peças), totalizando R$620,9 milhões e outras despesas de R$17,3 milhões.

A tabela abaixo fornece uma reconciliação dos valores reportados em IFRS com os valores não-IFRS excluindo itens não-recorrentes.

Para consulta ao comunicado completo de divulgação de resultados da Azul, clique aqui.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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