
As tensões no leste da República Democrática do Congo (RDC) atingiram um ponto crítico com a captura do Aeroporto Internacional de Goma pelos rebeldes do Movimento 23 de Março (M23). Entre os ativos sequestrados estão um avião de carga ATR 72 da Gomair, vários helicópteros militares e diversos equipamentos estratégicos.
De acordo com o Newsaero, o avião capturado é um ATR 72 de carga, que pertencia à Gomair e foi adquirido em 2023. Originalmente operado pela Poste Italiane, o ATR foi reintroduzido para o transporte de carga doméstica na RDC, e seu primeiro voo comercial sob a bandeira da Gomair ocorreu em 6 de maio de 2024, ligando Kinshasa a Goma.
Antes de entrar em serviço, a aeronave foi temporariamente registrada como 2-YYAB e passou por manutenção pela empresa polonesa ALL4JETS. O ATR 72 é listado como ativo da Falko Regional Aircraft através da SPV Aircraft Traders Belgium S.A.
A perda deste avião representa um grande revés para a Gomair, que também opera um Boeing 737-300QC e dois Fokker 50 para o transporte de passageiros. A companhia aérea atende destinos importantes na RDC, incluindo Kinshasa, Kindu, Kisangani, Bunia, Isiro e Kananga.
Ao tomar o controle do aeroporto, os rebeldes do M23 se apoderaram de vários ativos militares de alto valor, incluindo helicópteros de ataque Mi-24 e um avião de ataque ao solo Su-25. Imagens circuladas por fontes locais também mostram contêineres armazenando drones bielorrussos Berkut-BM nos hangares da Base Aérea de Goma.
A ofensiva do M23, que supostamente conta com o apoio de forças estrangeiras, incluindo Ruanda, teve início na cidade de Sake em 27 de janeiro. O objetivo estratégico dos insurgentes era cercar Goma, um importante centro de controle regional. Em resposta à ameaça, a Força Aérea Congolesa suspendeu rapidamente suas operações.
Conflitos intensos eclodiram ao redor da cidade, resultando em significativas baixas. De acordo com a ONU, 13 soldados de paz foram mortos nos confrontos, incluindo seis membros do contingente sul-africano.
A prisão do aeroporto de Goma resultou na suspensão de voos comerciais operados pela JamboJet, Ethiopian Airlines, Air Congo, flyCAA e Congo Airways. Essa interrupção prejudicou severamente as conexões nacionais e internacionais, complicando a entrega de suprimentos essenciais e a evacuação de civis.
Com a captura do ATR 72 da Gomair e de múltiplas aeronaves militares, o M23 fortaleceu seu arsenal, aumentando a pressão sobre o governo congolês.