Recebido com festa, esse jato Embraer E2 nunca fez um voo de passageiros sequer

Há quase dois anos, em dezembro de 2019, a Air Kiribati recebia o seu primeiro E190-E2, de um total de dois pedidos firmes (e mais duas opções de compra). O evento, pouco antes do Natal daquele ano, teve bastante festa entre executivos da aérea e da fabricante, embora tenha ocorrido a portas fechadas na fábrica da Embraer em São José dos Campos. Dias depois, a aeronave era trasladada para a Oceania.

Uma vez do outro lado do mundo, o E-Jet ficaria sob custódia da Pionair, empresa australiana que a voaria em nome da congênere quiribatiana. Mas isso nunca aconteceu.

Com a chegada da pandemia, os planos foram abruptamente alterados e apenas um avião foi entregue, o qual está estacionado em Bankstown durante todo esse tempo. O outro, que deveria ter voado em abril de 2020, jamais saiu da fábrica da Embraer.

No entanto, a empresa afirma que a ideia não morreu. Enquanto a operadora do pequeno Kiribati está se concentrando no mercado doméstico, usando aviões DHC-6, a Pionair disse que os planos para o E2 ainda estão em vigor, com contrato vigente e apenas esperando o governo quiribatiano dar luz verde para que ele seja trasladado e inicie os voos regionais.

Por outro lado, ainda não há uma data para isso, já que ainda há muitas restrições de fronteira na região. Na melhor das hipóteses, o avião poderia voar apenas a partir do segundo trimestre de 2022.

Depende do governo

A Air Kiribati atende 17 destinos em todo o arquipélago do Pacífico Sul, a partir de sua base em Tarawa, com Funafuti, em Tuvalu, seu único destino internacional. No entanto, segundo matéria anterior do Fiji Sun, o alto custo do combustível afetou bastante sua lucratividade, forçando-a depender fortemente de subsídios do governo. Tal cenário se agravou na crise da Covid.

Em um esforço para reduzir a dependência da companhia aérea, o governo local, em seu plano de desenvolvimento para 2023, disse que a empresa ajustará seu modelo de negócios e terá como alvo mais proativo o setor de turismo, depois que as fronteiras forem reabertas.

No futuro, a chegada dos E2 permitirá que a companhia aérea atenda cidades como o Brisbane, na Austrália, e Auckland, na Nova Zelândia, trazendo, assim, concorrência e variedade de opções ao mercado internacional de Kiribati, que é atualmente dominado pela Fiji Airways, Nauru Airlines e Solomon Airlines.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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