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Relatório da tragédia do voo EgyptAir 804 exige revisão de procedimentos contra incêndios no cockpit

Investigadores que analisam a perda trágica de um Airbus A320 da EgyptAir estão recomendando uma revisão nos procedimentos de combate a incêndios no cockpit, especialmente no que diz respeito a incêndios alimentados por oxigênio.

As recomendações vêm após uma análise detalhada conduzida pela comissão de investigação de acidentes aéreos do Egito, em colaboração com seu homólogo francês, o BEA. O voo em questão, EgyptAir 804, deixou 66 mortos.

O incidente em questão, ocorrido em 19 de maio de 2016, levou os investigadores a concluir que o fogo teve origem no compartimento de armazenamento da máscara de oxigênio do primeiro oficial.

A BEA levantou preocupações de que os procedimentos atuais de combate a incêndio não são eficazes e podem até ser contraproducentes quando se trata de incêndios alimentados por vazamentos contínuos de oxigênio.

Logo após o início do incêndio, o comandante da aeronave solicitou um extintor, mas a investigação não conseguiu determinar se ele realmente foi utilizado. No ambiente do cockpit, estava disponível um único extintor de halon, com mais três na cabine de passageiros, localizados perto das saídas e do lavatório traseiro.

No entanto, não há indicação de que os extintores da cabine de passageiros tenham sido usados no cockpit.

Testes realizados pela BEA indicam que os extintores de halon não são eficazes para apagar incêndios alimentados por vazamentos contínuos de oxigênio. Embora o halon funcione combinando-se com o oxigênio e reduzindo sua capacidade de alimentar a combustão, um vazamento mantém um suprimento constante, o que limita sua eficácia.

Os extintores de halon disponíveis no cockpit são considerados inadequados para tratar esse tipo de incêndio, que se caracteriza pelo som de “maçarico” e intensa propagação de fumaça opaca.

Tanto a comissão egípcia quanto a BEA recomendaram uma avaliação das práticas de combate a incêndios no cockpit e, se necessário, uma revisão das exigências para instalação e transporte de equipamentos de proteção.

Também destacaram a necessidade urgente de pesquisa em outros tipos de extintores, além dos dispositivos de halon, que sejam eficazes para incêndios alimentados por oxigênio.

Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.